Com mais que o dobro de votos de sua adversária, a candidata Claudia Sheinbaum, do Partido Morena, ao Palácio Nacional confirmou, nas pesquisas de boca de urna, seu favoritismo à Presidência do México. Às 20h no horário local (23h no horário de Brasília), os primeiros resultados não oficiais divulgados pela imprensa mexicana apontavam 58,8% dos votos para Claudia e uma vantagem de 28,7 pontos sobre seu adversário, o senador Xóchitl Gálvez. Na manhã desta segunda-feira (3/6), a vitória de Cláudia foi confirmada.
Durante toda a votação, tanto a coligação Morena/Partido Verde/PT como o seu adversário de direita, Xóchitl Gálvez, declararam vitória. Gálvez ainda disse que tinha certeza da vitória por larga margem. Além do cargo de presidente, mais de 20 mil cargos federais e locais foram disputados nas urnas.
Cientista
Formada em física e doutora em engenharia de energia, Claudia Sheinbaum, 61 anos, teve uma brilhante carreira científica e, junto com os demais membros do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC-ONU), recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2007 Sua carreira política já começou na década de 1980, quando participou do movimento estudantil, mas seu primeiro cargo público veio em 2000, quando assumiu o cargo de Secretária de Meio Ambiente da Cidade do México.
Como gestora, Claudia Sheinbaum é lembrada pela praticidade com que enfrenta desafios, como a pandemia de Covid, como chefe de governo na capital mexicana, ou como prefeita de um distrito na Cidade do México, quando um terremoto matou 26 pessoas, vítimas do colapso de uma escola. “Governar é tomar decisões. É preciso tomar a decisão e assumir as pressões que possam ocorrer”, afirmou, em documentário.
Inspiração
Num país onde, em média, 10 mulheres são assassinadas todos os dias, esta foi a primeira vez que duas candidatas lideraram as sondagens. Os apoiadores de Sheinbaum acreditam que ela garante o legado do presidente Andrés López Obrador, acreditam que a candidata foi eficiente em sua gestão como prefeita da Cidade do México (2018-2023) e que ela é uma inspiração para as mulheres mexicanas. Se a vitória se confirmar, ela governará, até 2030, a 12ª economia do mundo, com 129 milhões de habitantes.
“A expansão do crime organizado é o problema mais assustador para quem ganha as eleições”, diz Michael Shifter, pesquisador do Diálogo Interamericano, organização com sede em Washington. Outro desafio é manter os programas sociais quando o défice fiscal subiu para 5,9% e o crescimento médio nos últimos seis anos foi de apenas 0,8%.
A relação com os EUA, destino de 80% das exportações mexicanas, especialmente se Donald Trump voltar ao poder, também é preocupante, diz Shifter. Trump ameaçou deportações em massa de migrantes que atravessassem a fronteira binacional de quase 3.200 quilómetros.
Nestas eleições, a esquerda também procura ampliar a maioria simples que tem no Congresso para aprovar reformas. E manter a prefeitura da Cidade do México.
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