Lisboa — Após quatro dias de votação, a Europa definirá neste domingo (09/06) qual caminho seguirá. Quase 370 milhões de eleitores decidirão quem ocupará os 720 assentos no Parlamento Europeu durante os próximos cinco anos. Existe um receio generalizado de que a extrema direita se torne o segundo maior partido, arrastando os conservadores moderados para o seu campo, o que provocará uma enorme mudança na política europeia. Desde as últimas eleições até agora, houve uma grande mudança na postura de grande parte dos cidadãos, especialmente dos mais jovens, que migraram das bandeiras defendidas pelos partidos ambientalistas para a ultradireita, com o seu discurso veemente contra a imigração.
Em Portugal, que garantiu 21 assentos no Parlamento, os eleitores saíram mais cedo de casa para irem às urnas. “É importante garantir o voto, que é a base da democracia”, disse João Felipe dos Santos Mota, 27 anos. Para ele, é muito complicado ver o crescimento da extrema direita não só no seu país, mas em toda a Europa. “Esse movimento tem a ver com o aumento da pobreza e a piora da qualidade de vida das pessoas. A extrema direita é oportunista neste sentido, encorajando as pessoas a voltarem-se umas contra as outras. Infelizmente, as pessoas entram nesta conversa porque estão zangadas com as suas vidas. Mas o mais importante neste momento é preservar a democracia. E isso acontece através do voto”, reforçou.
A mesma avaliação foi feita pelo reformado Joaquim José, 70 anos. “Todos devem votar pelo bem da democracia. Nasci na ditadura, sei muito bem o que isso representa. Eu tinha 20 anos quando, finalmente, a democracia foi restabelecida”, disse ele. Segundo ele, as campanhas por vagas no Parlamento Europeu foram bastante movimentadas, “Então, espero que a presença dos eleitores nas urnas também seja grande”, acrescentou. O maior receio dos partidos é que um elevado nível de abstenção favoreça grupos extremistas, que prometem fechar a Europa tanto do ponto de vista migratório como através da adopção de medidas proteccionistas no comércio com outros países.
(foto: Vicente Nunes/CB/DAPress)
A preocupação com a abstenção levou o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, a fazer um apelo público aos portugueses e aos europeus em geral para não deixarem de votar nestas eleições. “Não votar é enterrar a cabeça na areia, perdemos por falta de comparecimento”, enfatizou. Lembrou que há guerras a acontecer nas periferias da Europa, e que isso deve ser levado em consideração pelos eleitores, para que haja um fortalecimento da União Europeia, pois as consequências dos conflitos afectam a todos, “nos preços, nos salários , no emprego, na incerteza sobre o futuro”.
Risco de notícias falsas
Foi implementado um sistema eletrónico para que todos os eleitores europeus possam votar onde quer que estejam. Basta procurar um posto de votação e apresentar o cartão de cidadão. “Este sistema permite mobilidade. Na nossa secção, por exemplo, havia pessoas de Braga, no Norte de Portugal, a votar em Almada, que fica ao lado de Lisboa”, explicou Manoel Batista, membro da União das Freguesias de Almada. “Por isso acreditamos que haverá um bom número de eleitores, pois tudo está acontecendo muito rápido, sem filas”, destacou.
No momento em que a reportagem do Correio estava em um dos locais de votação, o sistema eletrônico caiu, causando certa irritação entre os eleitores, que precisavam enfrentar filas. “Mas tudo acabou sendo resolvido sem muita demora”, destacou Batista. Para João Marques, 32 anos, a espera inesperada não foi um grande transtorno. “O importante é que votemos, pois temos de garantir a democracia. Não podemos permitir que aqueles em quem não acreditamos ganhem eleições. Portanto, a participação de todos é fundamental”, acrescentou.

(foto: Vicente Nunes/CB/DAPress)
Na opinião do cientista político Oscar Martinez Tapia, professor da Universidade IE, as eleições deste ano serão as mais importantes da história da União Europeia. Ele disse que a preservação do bloco poderia ser ameaçada se a ultradireita prevalecer nas urnas. Ele também chamou a atenção para o perigo das notícias falsas no processo eleitoral, que tendem a distorcer os debates e levar, principalmente, os eleitores com menor nível de escolaridade a absorver discursos odiosos, racistas e misóginos.
“Acredito que nenhuma democracia está hoje preparada para lutar contra fenómenos tão novos e nocivos como as notícias falsas. Os limites legais e éticos da liberdade de expressão são, em muitos casos, permeáveis a ataques a informações verificadas e jornalisticamente confiáveis”, afirmou. Na sua opinião, é muito complicado lutar contra opiniões desrespeitosas ou diretamente contra mentiras conspiratórias, pois “em muitas ocasiões, podem ser mais atrativas e viciantes do que a realidade, especialmente para pessoas com níveis de escolaridade mais baixos”.
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