A Bolívia aderiu formalmente ao Mercosul nesta sexta-feira, 5, depois que o presidente do país, Luis Arce, promulgou lei aprovada pelo Congresso prevendo a medida, informou o presidente boliviano na sua conta da rede X.
“Depois de quase sete meses, hoje (sexta-feira, 5) finalmente recebemos a lei sancionada, e neste mesmo dia a promulgamos imediatamente. A incorporação da Bolívia como país membro do Mercosul tem caráter estratégico porque significa fazer parte de um importante espaço de integração regional, de intercâmbio comercial, de fortalecimento produtivo e nos torna um eixo articulador da região”, escreveu Arce.
A lei foi aprovada em 14 de junho pela Câmara dos Deputados boliviana e aprovada pelo Senado na quarta-feira. Depois de promulgado, entrará em vigor em 30 dias.
“É um momento muito histórico para a Bolívia, para os setores produtivos e para os bolivianos que vivem e fazem parte do Mercosul”, enfatizou a ministra das Relações Exteriores da Bolívia, Celinda Sosa, em entrevista à imprensa nesta sexta-feira.
“É um sonho que se torna realidade há muitos anos”, disse ela. “Que possamos participar neste bloco, (…) o quinto bloco económico mais importante do mundo”, destacou o ministro.
A Bolívia tornou-se membro pleno do bloco formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai em dezembro do ano passado, durante a Cúpula do Rio de Janeiro, após oito anos de espera, mas ainda precisa se adaptar ao universo regulatório. O país mantém um acordo de livre comércio com o Mercosul desde 1997, o que deu à Bolívia um déficit comercial acumulado de 42%.
O protocolo de adesão estabelece obrigações adicionais, incluindo a proibição de negociações bilaterais com outros países, disse Gary Rodríguez, gerente do Instituto de Comércio Exterior (IBCE). “A questão é se estamos preparados para aplicar as 4.500 regras do Mercosul”, disse ele.
No domingo, Luis Arce participará da cúpula do Mercosul no Paraguai, que deverá finalizar a entrada da Bolívia como membro do bloco, criado em 1991. A adesão da Bolívia já havia sido ratificada pelos demais países.
A viagem do presidente boliviano será o seu primeiro encontro com os líderes dos países vizinhos desde o fracassado golpe militar da semana passada. O Mercosul condenou o episódio e manifestou o seu apoio a Arce, com exceção do presidente argentino Javier Milei, cujo governo denunciou o golpe como falso, o que provocou uma nota de protesto do governo boliviano e a retirada do seu embaixador em Buenos Aires.
Na segunda-feira, Arce receberá o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cidade de Santa Cruz. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
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