A Polícia Federal (PF) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de nova investigação sobre o esquema de inserção de dados falsos de vacinação nos sistemas do Ministério da Saúde, montado na prefeitura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense (RJ). Os indícios são de que a estrutura montada para a prática da fraude é muito maior do que inicialmente levantada.
As fraudes vieram à tona no inquérito que investiga a falsificação da carteira de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de seus familiares, para que pudessem entrar nos Estados Unidos. Quem também se aproveitou do esquema foi o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de campo da Presidência da República, que arranjou documentos fraudulentos para ele e sua esposa, Gabriela. O soldado, o ex-presidente e outras 15 pessoas foram indiciados pela PF em março.
Segundo as investigações, há indícios da existência de uma “grande estrutura para prática de crimes envolvendo inserção de dados falsos de vacinação” na prefeitura de Duque de Caxias. O pedido de abertura de novo inquérito está com o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF —que decidirá sobre o pedido nos próximos dias.
A PF concluiu que além de Bolsonaro, parentes e pessoas próximas, outras pessoas podem ter se beneficiado com a inclusão de dados falsos no sistema do Ministério da Saúde. O esquema teria sido montado com o objetivo de emitir certificados de vacinação para pessoas que não estivessem imunizadas contra a covid-19.
Operação Venire
A fraude foi descoberta na primeira fase da Operação Venire, deflagrada em maio de 2023. Na ocasião, foram presos: o Sargento Luís Marcos dos Reis, subordinado de Mauro Cid na Assistência de Ordens da Presidência; o ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros; o policial militar Max Guilherme, ex-segurança de Bolsonaro; o soldado do Exército Sérgio Cordeiro, que também trabalhou na proteção do ex-presidente; e o secretário municipal de Governo de Duque de Caxias, João Carlos de Sousa Brecha.
No início deste mês, a PF lançou uma nova fase do Venire. O ex-prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis —atual secretário de Transportes do estado do Rio de Janeiro— foi um dos alvos de buscas e apreensões de agentes federais. A fraude com cartão de vacinação foi cometida durante sua gestão no município. Seu irmão, o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ), também teria recebido cartão de vacinação falsificado.
Segundo as investigações, os dados sobre a falsa imunização de Bolsonaro contra a Covid-19 foram inseridos no sistema no dia 21 de dezembro de 2022 por João Carlos de Sousa Brecha. Porém, seis dias depois, Claudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, chefe do centro de vacinação de Duque de Caxias, os retirou, alegando que houve um erro.
Mas, no dia 27 de dezembro, um computador identificado como pertencente ao Palácio do Planalto acessou o ConecteSUS para gerar o certificado de vacinação de Bolsonaro e depois imprimi-lo. Três dias depois, rumou para Miami (EUA), sem repassar a faixa presidencial ao sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva.
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