O deputado federal Guilherme Boulos (PSol), candidato a prefeito de São Paulo, abre hoje o período de convenção do partido mostrando que o governo federal entrará fortemente na campanha para elegê-lo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estará no evento e são esperados até 11 ministros, destacando a estratégia do Palácio do Planalto de conquistar, em outubro, o maior número de capitais e grandes cidades para evitar que o bolsonarismo alcance forte alcance em 2026.
Sete partidos aderiram à chapa encabeçada por Boulos, denominada “Amor por São Paulo”: PT, Rede, PV, PCdoB, PDT, PMB e PCB. Para confirmar a candidatura do deputado, sete ministros anunciaram presença: Fernando Haddad (Finanças), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudanças Climáticas), Sonia Guajajara (Povos Indígenas) Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), Luiz Marinho (Trabalho e Emprego) e Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência).
“É quase a Esplanada dos Ministérios que estará nesta convenção. A partir de agora termina o treino e começa o jogo. Uma nova etapa vai começar”, disse Boulos, deixando clara a importância do governo federal apoiar sua candidatura. Segundo os organizadores da campanha, a expectativa é reunir cerca de 10 mil pessoas no centro de convenções Expo Center Norte, na Vila Guilherme, Zona Norte da capital paulista.
A presença do governo federal na campanha de Boulos serve para confrontar dois fatores: o primeiro, o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro à reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB); a segunda, ter forte oposição em São Paulo ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que setores da direita veem como o representante do bolsonarismo para a disputa presidencial de 2026.
Essa preocupação do Palácio do Planalto é potencializada pelos resultados das pesquisas de intenção de voto. O mais recente, elaborado pelo instituto Paraná Pesquisas e divulgado ontem, mostra Nunes à frente com 26,9%, seguido por Boulos, com 24,7%. Pela margem de erro de 2,6 pontos percentuais — para mais ou para menos —, estão em empate técnico.
No segundo pelotão da pesquisa aparece outro empate técnico, mas desta vez, triplo —considerando a margem de erro. Estão praticamente ao lado do apresentador José Luiz Datena (PSDB), com 11,6%; o influenciador Pablo Marçal (PRTB), com 10,9%; e a deputada federal Tabata Amaral (PSB), com 6,4%. Foram entrevistadas 1.500 pessoas entre os dias 14 e 17 de julho.
Hoje também acontece a convenção União Brasil, que tem como pré-candidato o deputado federal Kim Kataguiri (SP), mas que não pode nomear a vereadora de São Paulo. Isso porque os dirigentes nacionais do partido consideram o parlamentar um personagem de pouco peso. Reforçando essa impressão está o desempenho obtido na pesquisa divulgada ontem — modestos 2,4% das intenções de voto.
Assim, setores do União Brasil veem nela a melhor alternativa para embarcar em uma candidatura com mais chances. Ricardo Nunes negocia adesão, porém, um grupo do partido vê na postulação de Pablo Marçal uma possibilidade de conseguir maiores ganhos eleitorais e políticos —especialmente a criação de uma bancada forte na Câmara Municipal. Numa hipótese considerada mais remota, o partido poderia lançar o presidente do Poder Legislativo paulista, vereador Milton Leite.
Acreditando que até lá conseguirá atrair o União Brasil, o MDB de Nunes marcou a convenção para o dia 3 de agosto, dois dias antes do término do período de definição de candidaturas. O autarca tem na coligação PL, PSD, Republicanos, PP, Podemos, Solidariedade, PRD, Agir, Mobiliza, Avante. O vice-presidente é o coronel Ricardo de Mello Araújo (PL), cuja indicação selou o apoio de Bolsonaro e Tarcísio de Freitas no projeto de reeleição de Nunes.
O evento de confirmação do nome do atual prefeito de São Paulo reunirá a nata do bolsonarismo. A presença do ex-presidente e do governador do estado é certa, mas há o bônus de que até ex-ministros do governo anterior aparecerão para reforçar o confronto com Boulos, Lula e a atual gestão federal.
O PSB marcou convenção para o dia 27 de julho e deve confirmar Tábata como candidata a prefeita —apesar de seu desempenho ser considerado fraco nas pesquisas eleitorais. O PSDB lança Datena no dia 3 de agosto e negocia a desistência da candidatura da deputada federal para tê-la como vice na chapa.
Nacionalização
A disputa entre Boulos e Nunes tem como pano de fundo a nacionalização das eleições municipais de outubro —e a aposta na polarização que opõe Lula a Bolsonaro. Isso significa que temas que preocupam todo o país farão parte da campanha e dos debates na TV, e serão repetidos em diversas capitais e grandes cidades.
Na primeira audiência a que foram submetidos, no portal UOL, essa nacionalização ficou evidente. Boulos foi indiciado pelo parecer que deu contra o impeachment do deputado André Janones (Avante-MG) —apoiador de Lula nas eleições de 2022, o parlamentar é acusado da prática de “rachadinhas” em seu gabinete. Nunes, por sua vez, foi questionado se reconhecia uma tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023 — ao que respondeu negativamente, num claro aceno aos eleitores de Bolsonaro.
A campanha de Boulos tenta acrescentar temas em que as candidaturas de esquerda geralmente vacilam – como a segurança pública. Segundo o candidato apoiado por Lula, caso chegue à prefeitura de São Paulo, prometeu ampliar e fortalecer a Guarda Civil Metropolitana (GCM). Ele disse ainda que vai dobrar o contingente da corporação, que hoje conta com 7,6 mil agentes, e vai implementar câmeras corporais para auxiliar na vigilância – uma clara oposição ao governador Tarcísio de Freitas, crítico ao uso de equipamentos no policiamento ostensivo.
Já Nunes se apresenta como cadeia de transmissão do bolsonarismo na capital paulista, e pretende ter uma ligação ainda mais próxima com o Palácio dos Bandeirantes. Isso, apesar do desconforto que, durante a audiência do UOL, ele negou que sua esposa, Regina Carnovale Nunes, tenha feito denúncia de violência doméstica contra ele. Horas depois da declaração que ele fez, a Secretaria de Segurança de São Paulo desmentiu, afirmando que o documento existia.
Nunes, aliás, não receberá ataques de Boulos apenas na campanha eleitoral. O apresentador José Luiz Datena, candidato do PSDB, já deu a entender que buscará votos do atual prefeito para tentar chegar ao segundo turno. Na mesma audiência, além de se dizer amigo do candidato do PSol, afirmou que Nunes é um “péssimo gestor”. (Colaboração de Fabio Grecchi)
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