Em meio às articulações políticas para definir candidaturas às eleições municipais de outubro, o ex-deputado federal e ex-presidente do PT José Dirceu reforçou as reivindicações do Diretório Nacional do partido em relação à defesa do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e à necessidade de mobilização da esquerda, a partir de agora, para enfrentar a extrema direita. Tanto para Dirceu quanto para a liderança do PT, o bolsonarismo continuará a ser o principal adversário do campo progressista, em 2026, nas eleições nacionais.
Desde que começou a acumular vitórias no Supremo Tribunal Federal (STF) em relação aos processos que enfrenta por corrupção no âmbito da Operação Lava-Jato —em janeiro, a Corte anulou duas dessas ações por considerar que o então juiz federal da 13ª Vara, Sergio Moro (hoje senador pela União Brasil do Paraná) atuou em conluio com o Ministério Público para condenar políticos ligados ao PT —Dirceu vem ocupando espaços no debate político. Tanto que admite concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados em 2026.
Em carta em que mostra alinhamento com a liderança petista, ele lista avanços do governo Lula e aponta temas que devem ser priorizados nos próximos dois anos. Mas reconhece a fragilidade da base governamental no Congresso, que não tem maioria para aprovar, sozinha, projetos de interesse do Palácio do Planalto. Para Dirceu, o partido deve voltar às ruas e mobilizar a opinião pública em defesa das agendas progressistas como forma de pressão sobre a bancada conservadora.
“Será fundamental definir as reais prioridades, ter um comando político subordinado diretamente ao presidente (Lula), integrar as diversas áreas do governo para priorizar iniciativas e mobilizar a sociedade —com diálogo com o empresariado, os trabalhadores, a sociedade civil , classes médias e outros segmentos sociais — a fim de minimizar os danos causados pela ausência de maioria parlamentar. Caso contrário, o governo ficará sujeito aos ânimos de um Parlamento conservador nos costumes, liberal em matéria económica e sem quaisquer escrúpulos na troca de votos por interesses políticos”, destacou.
Convergência
A opinião de Dirceu converge com a resolução do Diretório Nacional do PT, divulgada no último final de semana, na qual reafirma que “é dever apoiar o presidente”, “amplificar a comunicação sobre temas caros ao campo progressista na disputa política nas ruas e nas redes” e “ampliar o alcance de seus canais de comunicação com a sociedade, envolvendo todos os ministros na divulgação de ações estratégicas que precisam chegar à população”.
Os dois textos apontam para as eleições presidenciais de 2026, vistas ainda como mais um capítulo da polarização política que se estabeleceu entre o PT e o bolsonarismo. A direção petista diz que “o enfrentamento à extrema direita deve permear todas as estratégias da disputa política nas eleições municipais deste ano” ao que Dirceu acrescenta: “É necessária uma agenda clara e a capacidade de construir esse grande arco de apoio”, propôs.
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