A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deverá sofrer uma redução, até o final deste ano, de 400 para 500 funcionários, aproximadamente 25% do quadro funcional do órgão. O cálculo é da Aliança Brasileira das Indústrias Inovadoras da Saúde (ABIIS), que representa entidades ligadas à saúde. A dramática redução de pessoal é principalmente o resultado de pedidos de reforma.
Na avaliação do presidente executivo da ABISS, José Marcio Cerqueira Gomes, o déficit de servidores é insustentável no longo prazo, pela quantidade de demandas que recaem sobre a Anvisa. A agência tem apenas sete funcionários para cada milhão de habitantes. Na Argentina, o órgão que cumpre a mesma função tem 24 funcionários ativos para cada 1 milhão de habitantes. Nos casos da Colômbia e do Chile, são, respectivamente, 36 e 45 por 1 milhão de pessoas.
“A Anvisa tem atividades que vão desde a fiscalização de fábricas no exterior, para verificar se cumprem as boas práticas regulatórias, até o registro, além de fiscalizações em portos, aeroportos e fronteiras”, destaca Gomes.
Cerca de 30% de toda a regulação da economia do país passa pela agência, como lembra a ABISS. Isso representa um mercado de aproximadamente R$ 3,25 trilhões e inclui, entre outros itens, medicamentos, insumos para laboratórios, alimentos, cosméticos, saneantes.
Devido a esta situação, entidades do setor da saúde exigem um novo concurso público para preencher as funções de técnicos e especialistas. Este ano foi realizado um concurso em que foram oferecidas 50 vagas para especialistas em regulação e vigilância sanitária. Apesar disso, a ABIIS e outras associações consideram que o número de vagas disponíveis é baixo. Ressaltam ainda que a última competição foi em 2016 —na época, foram oferecidas apenas 78 vagas.
Para o presidente executivo da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), Carlos Eduardo Gouvêa, além da falta de pessoal, a Anvisa também carece de profissionais mais capacitados. “O cenário é assustador. Pode-se ter compensação por inovações, como inteligência artificial e tecnologia da informação. Tudo isso é necessário e muito bem-vindo, mas não é suficiente”, alerta Gouvêa.
“Estamos vendo uma revolução tecnológica. Não basta fazer a competição. Será preciso treinar essas pessoas para que elas possam assumir o controle integralmente”, acrescenta Gomes.
Batida
Mas se a situação for difícil agora, poderá piorar – e a curto prazo. O presidente executivo da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial teme que haja uma greve generalizada das agências reguladoras, algo que já está no horizonte. Isso porque o Sinagências, sindicato que reúne funcionários de agências reguladoras, anunciou que a categoria pode ficar parada por tempo indeterminado por insatisfação com o resultado das negociações salariais com o governo federal.
“A situação é crítica. Isso causa uma sobrecarga para o servidor, pois o trabalho e a demanda continuam existindo”, alerta o presidente do Sinagências, Fabio Rosa.
Segundo representantes da categoria, desde 2008, as agências reguladoras perderam cerca de 3,8 mil funcionários por motivos diversos —principalmente abandono de carreira, morte ou aposentadoria. Para deixar claro que a situação de pessoal nas autarquias se tornou inviável, a partir de quarta-feira haverá uma paralisação laboral de 48 horas dos funcionários.
A categoria exige um nível salarial que corresponda a 75% do rendimento dos cargos de nível superior nas agências. Além disso, exige a reestruturação de carreiras com mudança na nomenclatura dos cargos para auditor federal na regulação e agente federal na regulação.
Você gostou do artigo? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:

Dê sua opinião! O Correio tem espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores através do e-mail sredat.df@dabr.com.br
imagem de empréstimo
como conseguir crédito no picpay
picpay instalar
cred rápido
banco noverde
noverde whatsapp
siape consignação
bk bank telefone
apk picpay
consignado inss bancos
px significado