Após ser questionado sobre a possível ligação de integrantes de seu partido com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), o influenciador Pablo Marçal, candidato a prefeito de São Paulo pelo PRTB, pediu nesta segunda-feira, 26, ajuda para “limpar” a legenda de possíveis criminosos. Em entrevista à CNN Brasil, Marçal propôs uma “campanha nacional” para limpar o partido de suposta infiltração do crime organizado.
Como você destacou o Estadãoo ex-presidente estadual do PRTB de São Paulo Tarcísio Escobar de Almeida foi indiciado pela Polícia Civil por tráfico de drogas e associação com o crime organizado. Segundo a investigação policial, Escobar trocava carros de luxo por cocaína para o PCC, financiando o tráfico de drogas e dividindo seus lucros. Além disso, o presidente nacional do partido, Leonardo Avalanche, disse, em áudio divulgado pelo Folha de S.Pauloque mantém vínculo com o PCC.
Os adversários de Marçal têm aproveitado o envolvimento de integrantes do partido do influenciador com o crime organizado para atacá-lo. O ex-técnico, por sua vez, afirma não ter ligação com essas acusações e defende que as suspeitas sejam investigadas e os culpados punidos.
“Sobre as pessoas do PCC do meu partido, eu gostaria de pedir à Polícia Civil, à Polícia Federal, à Polícia Militar, por favor, se você sabe que eles estão no meu partido, por que não prendem esses caras?” disse Marçal em entrevista à CNN. “Quero fazer uma campanha nacional, me ajudem a limpar o PRTB. Se o partido é pequeno, o que o PCC está fazendo lá?”
Quero que todo brasileiro que queira servir na política possa concorrer sem partido político. Estou falando isso, já falei isso antes de entrar no PRTB, e pelo quanto vocês me criticam, faço dois pedidos. Por favor, prendam os criminosos, conforme solicitado, ajude-me, Brasil, queira a mesma coisa que eu quero.”
Na entrevista, Marçal voltou a afirmar, sem apresentar provas, que dois dos seus adversários são consumidores de drogas. Ele disse que, no último debate eleitoral, que será transmitido pela TV Globo no dia 3 de outubro, apresentará provas de que o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, já foi preso com drogas. O Estadão Ele procurou a assessoria de Boulos às 16h30 desta segunda-feira, 26, para que o candidato comentasse as declarações de Marçal, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem.
Bolsonaro ‘dobrou o pescoço’ por Valdemar
Marçal afirmou ainda esta segunda-feira que o termo “bolsonarismo” foi criado pela esquerda para associar o crescimento do conservadorismo no país ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Marçal também declarou que nem ele nem Bolsonaro controlam esse movimento. Nas últimas semanas, o ex-técnico ganhou força nas pesquisas eleitorais, principalmente entre o eleitorado bolsonarista, apesar do ex-presidente apoiar formalmente a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB) na capital paulista.
“A esquerda criou o nome Bolsonarismo para ver se faz todo mundo ficar parecido com o presidente Jair Bolsonaro. Nós que somos defensores da liberdade, tenho um recado para todos, qualquer brasileiro em qualquer lugar do mundo, a liberdade não tem dono. não é o Pablo Marçal quem manda nisso, não é o Bolsonaro quem manda nisso”, disse o influenciador, acrescentando que, “por causa do Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, o Bolsonaro teve que dobrar a coluna cervical para o prefeito. Ricardo Nunes”.
Apesar das declarações, o candidato do PRTB afirmou que “não se posicionará” contra Bolsonaro, a quem considera um “grande líder”. Recentemente, Marçal e Bolsonaro tiveram um desentendimento no Instagram, em que o ex-presidente respondeu ao influenciador com ironia. Questionado sobre o episódio, Marçal, sem apresentar provas, afirmou que foi o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente, quem publicou o comentário. Marçal também chamou Carlos de “retardado” e disse que prejudicou Bolsonaro nas últimas eleições.
O Estadão procurou a assessoria de Jair Bolsonaro para que o ex-presidente comentasse as declarações de Pablo Marçal. No entanto, não houve resposta até a publicação deste relatório.
Converse com jornalista
Durante a entrevista, Pablo Marçal interrompeu a jornalista e analista política Clarissa Oliveira ao ser questionada sobre sua pena de quatro anos e cinco meses de prisão por participação em esquema de desvio de dinheiro de contas bancárias. O caso ocorreu na década de 2000, e a condenação foi proferida em 2010. Marçal recorreu da pena e não cumpriu a pena, pois a pena acabou prescrita.
O debate iniciado pelo influenciador serviu para desviar o foco da questão, ao repetir a versão de que o caso ocorreu há mais de 20 anos, alegando que foi vítima de uma injustiça e que, na época, não tinha o dinheiro para pagar um advogado. Como ele mostrou o Estadãoalém de capturar e-mails de vítimas da quadrilha de roubo de contas bancárias, Marçal usava carros cedidos pela organização para circular na hora dos golpes.
Outro momento de tensão na entrevista ocorreu quando o ex-técnico foi questionado sobre a viabilidade de sua proposta de implantação de teleféricos em São Paulo. Marçal afirmou que, por apresentar ideias diferentes das dos demais candidatos, tem sido alvo de críticas. “É claro que o teleférico é viável”, disse ele após ser questionado sobre o assunto. “É cinco vezes mais barato do que fazer um buraco no chão do metrô, é ecológico, silencioso, não para e homenageia as comunidades”.
Suspensão de redes sociais
Desde o final de semana, Pablo Marçal teve suas contas nas redes sociais temporariamente suspensas por decisão judicial. O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) atendeu a um pedido do PSB, partido da candidata Tabata Amaral, que alegava que Marçal estaria cometendo abuso de poder econômico ao pagar terceiros para produzir vídeos curtos e descontextualizados – os chamados cortes – para impulsionar sua candidatura nas redes.
Os advogados de Pablo Marçal interpuseram recurso para reverter a decisão liminar. Durante a entrevista, o influenciador reiterou que não cometeu nenhuma ilegalidade e afirmou que não coloca dinheiro próprio na campanha. “As pessoas ganham a vida com cortes. A plataforma TikTok paga por visualização, o YouTube paga por visualização. Essas pessoas deveriam estar me pagando para usar minha imagem, você não entende. Não fui eu quem investiu dinheiro nisso.” ele declarou.
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