Dona da única planta industrial produtora de insumos para baterias de carros elétricos com selo quíntuplo de emissão zero de carbono, a Sigma Lithium também acaba de se tornar a primeira empresa do setor mineral a obter financiamento do Novo Fundo Climático. , do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Serão investidos R$ 486,7 milhões na segunda fábrica da empresa, que permitirá duplicar a produção industrial no Vale do Jequitinhonha (MG).
“É o reconhecimento do trabalho de uma década em que investimos numa indústria difícil de reduzir carbono para torná-la sustentável do ponto de vista ambiental e social”, comemorou Ana Cabral-Gardner, CEO da Sigma Lithium, que falou exclusivamente para Correspondência.
Ana não exagera quando fala da empresa como pioneira neste mercado global, onde prevalece a exploração de minério bruto, e não uma indústria, como propôs há 10 anos. “Há cinco anos nos classificaram quase como uma ONG, mas fomos em frente e, hoje, ocupamos a quarta posição no ranking mundial. Tem muita gente produzindo lítio, mas nosso produto hoje é o mais sustentável do planeta e com a tecnologia brasileira, da qual temos muito orgulho. Com esse apoio do BNDES, conseguiremos dobrar a produção e o país permanecerá na vanguarda da sustentabilidade nesse setor, que tem chamado a atenção em todo o mundo. cadeia produtiva aqui e somos os líderes globais indiscutíveis com pegada zero de carbono”, calcula o executivo.
O lítio industrializado produzido pela Sigma é chamado de “carbono zero líquido” porque seu processo de processamento não utiliza produtos químicos nocivos. Também não há formação de barragem de rejeitos. Tudo é empilhado a seco e a água vem do esgoto, que é processado e reaproveitado.
O fato de o Brasil também ter investido em energia limpa – projetos financiados pelo BNDES na área – ajudou a Sigma em seu processo de quíntuplo zero. “Estamos muito felizes, porque numa indústria considerada difícil de abater, conseguimos esse financiamento do novo fundo climático, algo que era impensável no setor. Um sinal de que acertamos na tecnologia verde”, exulta.
A Sigma fez o primeiro embarque de lítio em julho de 2023, que, na época, era “triplo zero”, e não considerava o reaproveitamento de água e o uso de energia limpa na planta de produção. Em primeiro lugar, foram 30 mil toneladas. Um ano depois, a produção está em 270 mil toneladas e, com a nova fábrica, aumentará para 520 mil toneladas. A conclusão das obras está prevista para julho de 2025.
Empréstimo
O empréstimo inédito para uma indústria do setor de mineração sairá da carteira de R$ 10 bilhões, administrada pelo BNDES e vinculada ao Ministério do Meio Ambiente para promover iniciativas sustentáveis. O prazo de pagamento é de 16 anos (192 meses), com juros de 7,45% ao ano —ou seja, inferiores à taxa Selic.
A empresa é, hoje, a quarta maior produtora de lítio do mundo, mas é a única considerada quíntuplo zero, o que pode ajudar o Brasil nas negociações com outros países. Em setembro, na sequência da semana do clima em Nova Iorque, a empresa realizará um “dia do investidor” na Nasdaq – a bolsa de valores norte-americana para empresas de tecnologia. O objetivo é mostrar que o Brasil veio para ficar neste mercado e com um produto sustentável.
Além da “planta verde”, a Sigma também tem investido em projetos sociais no Vale do Jequitinhonha — daí a comparação com uma ONG. “Isso também nos orgulha. Não dá para ter uma empresa, numa região com tantos problemas sociais, e não ajudar a reparar essa situação”, destaca Ana.
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