Dados levantados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública mostram que o número de desaparecidos cresce a cada ano. Segundo informações do ministério, só entre janeiro e junho deste ano, 45 mil cidadãos desapareceram, muitos sem deixar rastros.
Neste dia 30 de agosto assinala-se o Dia Internacional das Vítimas de Desaparecimentos Forçados, instituído em 2010 pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Esta semana, o ministério iniciou a Mobilização Nacional para Identificação de Pessoas Desaparecidas. Serão instalados no país trezentos postos de identificação para recolha de material genético da população, através de dados de saliva e papiloscopia, com o objectivo de o inserir num banco e ajudar a localizar pessoas desaparecidas.
O ministro Ricardo Lewandowski ressaltou que a situação diz respeito à dignidade humana. “O primeiro aspecto desta mobilização é humanitário, porque encontrar um ente querido faz cessar a dor. Portanto, é uma questão que diz respeito aos direitos humanos”, declarou.
O governo pretende unir esforços entre os estados e a União para enfrentar o problema. Os dados genéticos coletados serão comparados com corpos ainda não identificados em institutos de medicina legal e hospitais do país.
A data de 30 de agosto é utilizada para trazer uma perspectiva humanitária ao drama, que impacta milhões de pessoas em todo o mundo todos os anos. No Brasil, a situação está cada vez pior. No ano passado, 82 mil pessoas desapareceram no país. Em 2020, esse número era de 55 mil, ou seja, em três anos, houve um aumento de 48%. Brasília tem a maior proporção de desaparecimentos do país, com 92 desaparecimentos para cada mil habitantes.
Por trás dos desaparecimentos estão diversos fatores, como doenças mentais, uso de drogas, abandono de casa e outras situações que levam o indivíduo a deixar o local onde mora sem avisar as pessoas próximas.
Contudo, o aspecto mais cruel desse tipo de caso envolve atos de violência, como homicídios, sequestros, tráfico internacional de pessoas, exploração sexual, trabalho escravo, feminicídio e roubos.
No dia 5 de outubro de 2018, a angústia tomou conta da família de Gisvânia Pereira. Ela desapareceu aos 32 anos, no Distrito Federal. “O último contato que tivemos foi no final da tarde. Ela saiu da casa da minha mãe, em Nova Colina (em Sobradinho), em direção a um bar. filha, que hoje tem 20 anos, saiu de casa sem nada, não levou nenhum objeto pessoal. Depois de três anos, a Polícia Civil declarou o caso encerrado”, disse a irmã, Gislene Pereira, 41.
Gisvânia foi vista pela última vez horas depois, na madrugada, caminhando sozinha pela BR 020, após descer de um veículo branco que estava em um posto de gasolina. O motorista do veículo foi localizado pelas autoridades e disse não ter informações sobre o paradeiro da vítima.
O desaparecimento ocorreu um dia depois de Gisvânia prestar depoimento em audiência em que acusou o ex-marido de agressão, crime previsto na Lei Maria da Penha. Em depoimento à polícia, o ex-companheiro negou envolvimento no desaparecimento. A investigação não indicou seu envolvimento.
Impactos na sociedade
“No desaparecimento forçado, as consequências incluem o fortalecimento das redes de tráfico de pessoas, o aumento da influência do tráfico de drogas nas comunidades mais vulneráveis, a exploração sexual de crianças e mulheres, o tráfico de órgãos e o aumento da incidência de trabalhos análogos ao escravo”, explicou Rebeca Berka, assistente social do Instituto Keruv, entidade que atua na redução dos desaparecimentos forçados no Brasil e no exterior.
Segundo Berka, “as consequências indiretas permeiam toda a sociedade, pois na condição de desaparecido o sujeito deixa de exercer todos os seus direitos, desde os fundamentais, como o direito à segurança, à vida e ao bem-estar, até os direitos de cidadania, como como o direito ao voto e à participação política”.
(foto: Valdo Virgem)
Você gostou do artigo? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:


Dê sua opinião! O Correio tem espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores através do e-mail sredat.df@dabr.com.br
imagem de empréstimo
como conseguir crédito no picpay
picpay instalar
cred rápido
banco noverde
noverde whatsapp
siape consignação
bk bank telefone
apk picpay
consignado inss bancos
px significado