A possibilidade de adiamento das eleições municipais no Rio Grande do Sul não está no horizonte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A Corte acredita que há tempo para que o estado se recupere o mínimo possível para não precisar alterar a data da eleição.
Ministros do TSE avaliam que faltam pouco mais de quatro meses para o dia 6 de outubro, data do primeiro turno, para que a Justiça Eleitoral se reestruture nos mais de 460 municípios gaúchos afetados pela catástrofe, do total de 497 onde estão ocorrendo eleições.
O Tribunal garantiu ainda que as urnas eletrônicas não serão um problema na realização das eleições. Uma das ofertas feitas pelo tribunal foi a transferência de máquinas do Distrito Federal, unidade federativa onde não ocorrem eleições para prefeitos e vereadores.
Na sexta-feira, o presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do estado, desembargador Vanderlei Teresinha Tremeia Kubiak, não descartou o adiamento das eleições. Em entrevista com Correspondência, ela apresentou entre seus argumentos as condições dos cartórios eleitorais do interior e os danos às urnas eletrônicas, cuja extensão ainda é desconhecida. Ela afirmou que é preciso considerar também as condições psicológicas dos mesários e servidores e o “estado emocional” dos gaúchos.
“Precisamos saber se teremos clima para realizar as eleições em outubro”, disse, sempre destacando que a decisão de alterar essas datas depende de uma emenda constitucional a ser aprovada pelo Congresso Nacional (leia Saiba mais).
Depois do juiz, foi a vez do governador Eduardo Leite (PSDB) defender a discussão sobre o adiamento. O gestor afirmou que esse debate é “pertinente” e seu entendimento é que a troca de comando das prefeituras poderá afetar a reconstrução das cidades.
“Junho já é um momento pré-eleitoral e, em julho, serão estabelecidas as convenções. (O adiamento) É um debate pertinente. O estado estará em reconstrução, ainda que em fase inicial, quando mudanças nos governos municipais poderão dificultar esse processo”, argumentou, em entrevista a O Globo. “O próprio debate eleitoral pode acabar dificultando a recuperação.”
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), candidato à reeleição e líder nas pesquisas de intenção de voto, se manifestou sobre o assunto, mas não se posicionou a favor ou contra. Para ele, o possível adiamento precisa ser discutido quando o auge da catástrofe passar.
“Estamos agora concentrando todos os esforços para manter a população acolhida com segurança e tomando medidas para restabelecer os serviços e recuperar a cidade”, destacou Melo, em nota. “A necessidade ou não de um eventual adiamento das eleições precisa ser avaliada com muito cuidado e coletivamente pelos órgãos competentes quando o auge desta catástrofe tiver passado e tivermos a real dimensão do impacto nos diferentes aspectos da sociedade”, disse. adicionado.
O prefeito de Guaíba, Marcelo Maranata, do PDT, aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não acha ruim o adiamento das eleições. A cidade, com 93 mil habitantes, foi uma das mais atingidas pelas chuvas. Ele concorrerá à reeleição. “Ainda não tenho a posição dos prefeitos, mas acho que seria bom (adiar)”, destacou Maranata, quando Correspondência.
Indefinição
Nem todos os prefeitos cujas cidades foram atingidas pela catástrofe têm uma posição clara sobre adiar ou não as eleições. Caso do prefeito de São Sebastião do Caí, Julio Campani, do PSDB, que poderia concorrer à reeleição, mas afirmou que “provavelmente não concorrerá”. Sua cidade, com 25 mil habitantes, também foi fortemente atingida. Campani disse que ainda não tem uma ideia definida sobre o tema. Segundo ele, neste momento, a prioridade é recuperar o município e garantir o regresso das pessoas às suas casas.
“Quero confessar-vos que sou um homem que toma posições. Nunca fico em cima do muro. Mas esta é uma questão (o adiamento das eleições) que nem passou pela minha cabeça, dadas todas as dificuldades e problemas que enfrentamos. enfrentam, como tudo o resto, os outros 460 municípios afetados”, explicou. “Nosso propósito é tentar reconstruir a cidade no menor tempo possível. Ouvi hoje (ontem) que o governador acha que esse assunto tem que ser debatido. Congresso Nacional, é só que eles precisam deliberar, fazer a análise. Estamos mais preocupados com o que vai acontecer amanhã, como continuar o dia a dia, como encontrar um lar para quem os perdeu”, enfatizou. .
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