Celebração da Independência reúne os Três Poderes na Esplanada

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu autoridades dos Três Poderes no desfile do dia 7 de setembro, Dia da Independência do Brasil. A cerimônia aconteceu em um contexto turbulento: Lula teve que demitir Silvio Almeida do Ministério dos Direitos Humanos na véspera, após denúncias de assédio sexual. Além disso, em São Paulo, o ex-presidente Jair Bolsonaro reuniu aliados e opositores na Avenida Paulista para protestar contra o governo e, principalmente, contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

O ministro, aliás, participou do evento a convite de Lula, e sentou-se na primeira fila, ao lado do presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso. Sorridente e bem-humorado, ele conversou com o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) antes da chegada de Lula —é importante destacar que o senador, com quem Moraes tem um bom relacionamento, é quem decide emitir ou não pedidos de impeachment contra ministros do Tribunal. O impeachment de Moraes foi o tema principal dos protestos na Paulista. Houve também manifestações de apoio de parte do público, gritando “Xandão”. Também estiveram presentes os ministros Cristiano Zanin, Dias Toffoli, Edson Fachin e Gilmar Mendes.

Moraes voltou a ser alvo de apoiadores de Bolsonaro após o embate com o bilionário Elon Musk, dono da rede social Além disso, mensagens de texto publicadas pelo jornal Folha de S.Paulo entre os assessores do magistrado também apontaram um uso supostamente irregular da estrutura do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para apoiar ações do STF. O Supremo, porém, negou qualquer irregularidade nos atos.

Lula apoiou Moraes no embate contra Musk, inclusive em seu discurso no Sete de Setembro, transmitido na noite de sexta-feira em rede nacional. “Nenhum país é verdadeiramente independente quando tolera ameaças à sua soberania.”

Além da presença de Moraes, chamou atenção a ausência da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Ela foi apontada como uma das vítimas nas denúncias de assédio sexual contra Silvio Almeida, que levaram à sua demissão. O ministro adotou, porém, uma postura discreta em meio à crise, e não negou nem confirmou as acusações.

Em nota divulgada na noite de sexta-feira, ela lamentou as tentativas de responsabilizar as vítimas do caso e pediu respeito à sua privacidade. Silvio foi demitido após publicação de denúncias à organização Me Too Brasil, que atua no combate à violência contra a mulher. Embora a organização tenha protegido a identidade dos envolvidos, Anielle foi citada como uma das vítimas. As suspeitas já eram do conhecimento do governo, mas o caso explodiu na quinta-feira.

Repercussão

Após a cerimônia, Barroso foi questionado por jornalistas sobre a demissão de Silvio. Ele argumentou que a “parte política” já passou, mas que o ex-ministro tem direito à plena defesa, assim como todos os demais. A primeira-dama Janja da Silva, que foi a primeira a apoiar Anielle Franco após as denúncias, não compareceu. Ela está viajando para Doha, no Catar, para participar de evento sobre Educação. Lula desfilou sozinho em cima do Rolls-Royce presidencial. As Ministras da Mulher, Cida Gonçalves, e a Ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck, estiveram presentes no desfile. Os dois foram ouvidos por Lula antes de demitir Silvio, e Dweck assumiu interinamente a pasta dos Direitos Humanos.

A maioria dos ministros participou do desfile. Dos 38, 30 compareceram. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad — que estava em São Paulo — estava ausente; Chanceler Mauro Vieira; a Ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, entre outros. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), também não compareceu. Contudo, participaram os comandantes das Forças Armadas: general Tomás Paiva (Exército); o tenente-brigadeiro Marcelo Damasceno; e o almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen (Marinha). Também compareceram os governadores Ibaneis Rocha, do DF, e Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul.

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