A ministra da Saúde, Nísia Trindade, relembrou o trabalho da ex-presidente Dilma Rousseff durante o lançamento da Rede Alyne, em Belford Roxo, no Rio de Janeiro, na manhã desta quinta-feira (9/12). A nova estratégia para reduzir as mortes maternas é uma reestruturação da Rede Cegonha, criada em 2011. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também esteve presente no evento.
“A Rede Alyne é uma construção de muitas mãos, a primeira começa com a presidente Dilma Rousseff e a equipe do ministro Alexandre Padilha (então ministro da Saúde), quando foi criada a Rede Cegonha. ela (a nova estratégia) pode abordar corretamente o grande drama da mortalidade materna, que aumentou com a pandemia da Covid-19, mas também com o desgoverno que temos vivido”, declarou o ministro.
O nome do novo programa é uma homenagem a Alyne Pimental, que faleceu grávida de seis meses por falta de assistência, em 2002, na cidade de Belford Roxo (RJ), onde ocorreu o lançamento. A meta da iniciativa é reduzir em 25% a mortalidade materna até 2027. No caso das mulheres negras, que compõem a maior parte dessa estatística, o país quer reduzi-la em 50% no mesmo período. O valor atingiria a meta de um dos Objetos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), de 30 mortes a cada 100 mil nascidos vivos.
Lula se emocionou ao lembrar que perdeu a primeira esposa e o primeiro filho, em 1969, por falta de assistência médica durante o parto. Declarou que esse tipo de situação não poderia mais ocorrer e garantiu assistência a todas as gestantes. Este ano, o governo federal investiu R$ 400 milhões na iniciativa e deve destinar R$ 1 bilhão no próximo ano.
“Essa agenda (de evitar a mortalidade materna), assim como a vacinação será uma agenda de todo o Brasil, não é de um só ministério, é de todos. A questão da Alyne nos mostra que o racismo mata, que a desigualdade mata, que a violência obstétrica mata, não podemos permitir isso”, disse Trindade.
A filha de Alyne esteve no evento ao lado do ministro. O caso do Rio de Janeiro foi o primeiro do mundo envolvendo morte materna evitável a ser julgado pelo Comitê para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, ligado à ONU. O Brasil foi condenado pelo tribunal internacional em 2011.
Segundo dados da Plataforma Integrada de Vigilância em Saúde, em 2021, durante a pandemia, as mortes maternas chegaram a 3.030 – um aumento de 74% em relação a 2014. Entre as mães negras, a razão de mortalidade materna (número de óbitos por 100 mil nascidos vivos) foi o dobro do número geral. Nas mulheres negras, foi de 110,6. Em todo o Brasil, 57,7.
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