O jornalista, cineasta e escritor Jorge Oliveira acaba de lançar mais um livro-reportagem, Arena de Sangue, disponível na Amazon. Trata da influência dos políticos alagoanos na vida nacional. Segundo ele, desde o início da Primeira República, o Estado “não largou o poder como um carrapato”. Alagoas produziu os dois primeiros presidentes da República, Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.
Também esteve na vanguarda da conspiração para matar Prudente de Morais, o primeiro presidente civil da República; influenciou o Estado Novo com o General Góes Monteiro; esteve presente na redemocratização do país com Fernando Collor de Mello, eleito presidente por voto direto em 1989; e com o senador Renan Calheiros (MDB), que presidiu o Senado, e os deputados Aldo Rebelo e Arthur Lira (PP), presidindo a presidência da Câmara dos Deputados.
Mas o caso que nos interessa ocorreu há mais de 60 anos, no dia 4 de dezembro de 1963, uma quarta-feira, na nova capital federal, Brasília. O senador Arnon de Mello, pai do ex-presidente Collor, atirou no parlamentar Silvestre Péricles de Gois Monteiro no plenário. O segundo tiro, porém, atingiu no abdômen o deputado José Kairala (PSD-AC), que sucumbiu aos ferimentos e morreu horas depois do tiro, no Hospital Distrital de Brasília. Kairala não teve nada a ver com a luta.
O político acreano era vice de José Guiomard, que estava de licença médica e levou a família de Basileia para a nova capital da República para vê-lo no cargo de senador. Falta de diálogo, brigas e ameaças de morte permearam o clima no Senado naquele dia. Péricles havia prometido matar Arnon, que colocou um revólver Smith Wesson calibre 38 na cintura e fez um discurso para desafiá-lo.
“Senhor Presidente, permita que Vossa Excelência faça o meu discurso voltado na direção do Senador Silvestre Péricles de Gois Monteiro, que ameaçou me matar, hoje, quando iniciei o meu discurso”, disse Arnon. Péricles atacou Arnon, gritando “seu canalha”. Arnon sacou seu revólver, mas antes que pudesse atirar, Péricles se jogou no chão, enquanto sacava sua própria arma.
O senador João Agripino (UDN-PB) brigou com Péricles para lhe tirar a arma. Kairala tentou ajudar, mas foi atingido pelo segundo tiro de Arnon. Quando o presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, recuperou o controle da situação e pediu a retirada dos dois rivais do plenário, ouviu-se o grito: “Tem alguém ferido, Excelência!”
Arnon foi detido por algumas horas, mas foi libertado sob a alegação de ter agido em legítima defesa. O político disse que foi ofendido e ameaçado por Silvestre Péricles durante anos e que também foi insultado durante discurso no plenário.
Marçal e Datena
A violência, que já foi uma característica da política alagoana, parece ter migrado para São Paulo. Até agora, ninguém morreu. Porém, a virulência dos ataques pessoais entre os candidatos, protagonizados principalmente pelo influenciador Parlo Marçal (PRTB) marca os debates eleitorais.
Domingo à noite, ele caiu em violência física. O apresentador José Luiz Datena (PSDB) não sacou uma arma, mas atacou Marçal com uma cadeira, no debate realizado na TV Cultura. O caso foi registrado no 78º Distrito Policial (Jardins) após a confusão. Marçal foi hospitalizado, com trauma torácico e lesão na mão.
Marçal anunciou ainda que vai processar Datena por agressão e pedir a cassação do registo da sua candidatura. O advogado de Datena, Eduardo Cesar Leite, afirmou que representará criminalmente contra Marçal, por calúnia e difamação.
O episódio foi o fim de um debate marcado por ataques pessoais, cuja gota d’água foi um desafio de Marçal: “Você é um arregão. Você atravessou o debate esses dias para me dar um tapa e disse que queria fazer isso. Você não Você nem é homem para fazer isso.
Depois, Datena atacou Marçal com uma cadeira. O grupo de saída evitou uma segunda cadeira e o programa foi interrompido pelo apresentador Leão Serva.
A sequência completa da luta está em alta nas redes sociais. No seu estilo, Marçal compara o ataque à cadeira que originou a facada recebida por Jair Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018 e o tiro que Donald Trump levou de raspão na orelha, num comício de campanha pelo seu regresso à Presidência dos Estados Unidos .
Datena admite que errou, mas afirma que faria tudo de novo, nas mesmas circunstâncias. Nas redes sociais, esse é o assunto mais comentado no Brasil, com vantagem surpreendente para o candidato tucano, que parecia um candidato prestes a jogar a toalha. O prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, Guilherme Boulos (PSol), Tabata Amaral (PSB) e Marina Helena (Novo) lamentaram a queda e responsabilizaram Marçal pela escalada dos ataques. No entanto, eles condenaram Datena pela agressão física.
Sem fôlego
Enquanto isso, o WhatsApp de Lex, personagem da inovadora candidatura de Pedro Markun a vereador (Rede), criado com inteligência artificial, para debater propostas com eleitores nas eleições paulistas, foi tirado do ar pela Meta. O candidato notificou a big tech e quer saber o motivo do banimento. Meta possui o Facebook Messenger, o Facebook Watch e o Portal do Facebook. Também adquiriu Instagram, WhatsApp, Oculus VR, Giphy e Mapillary.
Você gostou do artigo? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê sua opinião! O Correio tem espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores através do e-mail sredat.df@dabr.com.br
imagem de empréstimo
como conseguir crédito no picpay
picpay instalar
cred rápido
banco noverde
noverde whatsapp
siape consignação
bk bank telefone
apk picpay
consignado inss bancos
px significado