A Comissão de Fiscalização e Controle Financeiro (CFFC) da Câmara dos Deputados realizou, nesta terça-feira (21/5), audiência pública para discutir os 10 anos do início da Operação Lava Jato. Com o objetivo de promover um diálogo que permita a compreensão dos resultados da investigação, a sessão contou com a presença do criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, e do ex-procurador e ex-deputado federal Deltan Dallagnol.
Na época, o advogado Kakay — que defendeu as construtoras Andrade Gutierrez, Odebrecht e mais de 20 pessoas investigadas pela Lava Jato — afirmou que a operação era um “projeto de poder” liderado pelo ex-juiz e atual senador Sérgio Moro (União-PR), com o apoio de “seus advogados treinados”. “A operação Lava Jato foi um projeto de poder, nada mais que isso. Claro que houve corrupção e é importante combatê-la, mas ninguém pode combater a corrupção praticando corrupção. Ninguém pode combater a corrupção rasgando a Constituição da República”, afirmou.
Kakay classificou a operação como o “maior escândalo judicial da nossa história”. “Por que o caso do sítio de São Paulo foi julgado em Curitiba? Por uma razão política. Por que o triplex de Lula foi julgado em Curitiba? Por uma razão política. O que interessava ao Sergio Moro e aos seus advogados formados, eles levavam para lá.”
“Ele [Moro] Ele foi inclusive responsável pela instalação do fascismo no Brasil. Foi o grande líder eleitoral de Bolsonaro, ao prender Lula, que era o único à frente de Bolsonaro nas pesquisas naquele momento, manteve Lula preso por 580 dias e, mais tarde, aceitou, ainda com a toga nos ombros, para ser Ministro da Justiça aquele que ele conseguiu eleger. Isso é um escândalo, uma zombaria”, disse Kakay.
O advogado afirmou que os presos pela Lava Jato foram detidos injustamente, por perseguição política. “A Lava Jato nada mais foi do que um projeto político de poder, coordenado por um juiz que comandava o Ministério Público e que, juntos, instrumentalizava o Judiciário, o Ministério Público”, destacou.
Ó Correspondência tenta entrar em contato com a defesa de Sergio Moro para comentar as acusações de Kakay e aguarda resposta. Em caso de manifestação, o texto será atualizado.
Deltan Dallagnol defende Operação Lava Jato
o ex-procurador Deltan Dallagnol negou as acusações de que a Lava Jato foi um instrumento político. O ex-deputado comparou as prisões realizadas durante a operação com as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente do ministro Alexandre de Moraes.
“A Lava Jato, diferentemente do que acontece no STF, os processos foram todos recheados de provas, bilhões de reais foram devolvidos, as condenações foram mantidas em sucessivos recursos e instâncias diversas, quando no Supremo temos denúncias de 8 de janeiro sem individualização de conduta, sem individualização de provas. No caso das prisões preventivas, na Lava Jato não houve nenhuma prisão que ultrapassasse os 35 dias sem acusação formal, enquanto temos visto vários agora no STF que ficaram presos durante meses sem acusação formal”, argumentou Dallagnol.
O ex-procurador refutou diretamente as acusações feitas por Kakay. Dallagnol disse estar “muito surpreso” com as denúncias de instrumentalização da justiça e disse que o advogado atua na defesa de “animais de estimação corruptos” da esquerda. “Hoje vemos uma prática jurídica que acaba se calando, fechando os olhos para as vigas que existem nos seus próprios olhos, que existem nas decisões dos casos que tramitam no Supremo. Um conluio, muitas vezes, ligado a interesses em processos que tramitam no Supremo, à subserviência ao poder ou mesmo a uma predileção por corruptos de esquerda”, afirmou.
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