O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou ontem na madrugada de Nova York, onde participou da 79ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Na agenda internacional, evitou falar da Venezuela e destacou o papel do Brasil nas agendas ambientais e de transição energética. Para o Correspondênciaespecialistas avaliaram a atuação do presidente como positiva, mas com “discurso superficial”.
O destaque da agenda de Lula foram as ações de combate à fome e a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que será lançada oficialmente na Cúpula do G20, em novembro, sob a presidência do Brasil. O presidente recebeu prêmio da Fundação Gates, liderada por Bill e Melinda Gates, pela implementação do Bolsa Família —principal política pública de combate à fome no Brasil e que é referência para outros países.
Além disso, em seu discurso na abertura da assembleia da ONU, Lula destacou a redução de 50% no desmatamento na Amazônia e a importância da redução das emissões de gases de efeito estufa, que pode ser melhorada por meio da transição energética. “O planeta não espera exigir da próxima geração e está farto de acordos climáticos não cumpridos. Está cansado de metas de redução de emissões de carbono negligenciadas e de ajuda financeira aos países pobres que não chega. , ele cobrou.
Antônio Jorge Ramalho da Rocha, professor da Universidade de Brasília (UnB) e doutor em sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), destacou que a participação do presidente rendeu pontos positivos para o governo. “Além de reforçar a sua imagem positiva na cena internacional, conseguiu reforçar as principais mensagens do seu programa de acção no âmbito das relações internacionais: o combate à fome e à desigualdade; a defesa do ambiente, no quadro do programa verde e a transição energética sustentável e a reforma das estruturas de governação globais, particularmente do sistema das Nações Unidas”, enumerou.
No entanto, Ramalho da Rocha enfatizou as críticas sofridas por Lula por não mencionar as eleições venezuelanas, que não tiveram um processo transparente e declarou Nicolás Maduro vencedor do pleito. “(Ele) sofreu mais críticas pelo que silenciou do que pelo que disse”, lamentou.
Para o cientista político André Rosa, professor de Ciência Política da UDF, o discurso foi “raso, já batido, e pouco propositivo”. “O envolvimento nas questões entre Israel e Palestina não tem tido tanta repercussão, dados outros rumos que a política global tomou. realidade, como as eleições na Venezuela, por que envolver-se com a Rússia, com um país vizinho ‘aliado’?”, perguntou.
Lula criticou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pela tentativa de mediar o conflito com a Rússia. Em seu discurso na assembleia da ONU, Zelensky questionou as intenções do Brasil e da China em apresentar uma proposta de paz e a rejeitou. Em resposta, o presidente disse que se Zelensky “fosse inteligente”, diria que a solução para o conflito é diplomática e não militar.
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