Com a intensificação da violência no Líbano, alvo dos bombardeios israelenses contra o Hezbollah, os brasileiros que vivem no país pedem uma ação mais eficaz do governo de Luiz Inácio Lula da Silva para repatriar cidadãos da região. O Itamaraty estuda possibilidades de resgate, mas até o momento não apresentou um plano concreto. O país abriga a maior comunidade brasileira do Oriente Médio, com 22 mil pessoas atualmente.
Só nesta semana, 700 pessoas morreram no Líbano em ataques enviados por Israel, cinco delas brasileiras. O país bombardeia território libanês para atingir o grupo extremista Hezbollah. No sábado, um ataque das forças israelenses matou o líder do grupo, Sayyed Hassan Nasrallah. No mesmo dia, o Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reuniu-se com o Ministro das Relações Exteriores do Líbano, Abdallah Rashid Bou Habib, em Nova York para discutir um plano de evacuação. Porém, o Itamaraty disse ontem ao Correio que não há novidades e que as orientações continuam as mesmas para os brasileiros no país.
A única orientação que os brasileiros receberam do governo brasileiro até o momento, porém, foi a de deixar o Líbano por seus próprios meios, além de evitar aglomerações e manifestações, além de viajar para a região Sul do país, onde o conflito está acontecendo. concentrado.
O comandante da FAB, Marcelo Damasceno, já declarou que a Aeronáutica está preparada para atuar em uma possível evacuação. “Sempre temos todos os planos prontos”, disse ele CNN ainda na terça-feira.
No ano passado, a operação “Retornando à Paz” resgatou aproximadamente 1.500 brasileiros que estavam na Faixa de Gaza, região que sofreu diversos ataques israelenses durante a guerra com o Hamas.
Filha de pais libaneses, a brasileira Sara Ali Melhem, que esteve no sul do país e hoje está perto da capital, Beirute, explicou ao repórter que o governo brasileiro ainda não deu o apoio necessário. “As coisas não estão boas e não estão melhorando, só estão piorando”, criticou. “Acho que só vão nos tirar quando não sobrar nada, não sei”, enfatizou.
Segundo ela, o Itamaraty criou um grupo no WhatsApp, no qual, na semana passada, divulgou um formulário para que os brasileiros interessados em sair do país preencham seus dados. “Por enquanto é isso. Uma vez ou outra, mandaram números de ajuda aqui (no Líbano), acho que para quem está mudando de um lugar para outro, mas foi isso, e aparentemente eles também não virão. Eu Não sei o que estão esperando para nos tirar daqui”, reclamou.
A irmã de Sara, Maya Melhem, que está no sul do Líbano, disse que está aguardando a chegada de um avião para deixar o país com sua filha de 3 anos. “Estamos aguardando um voo de evacuação, mas ninguém fez nada ainda, nem mesmo o governo. Ninguém está ajudando”, relatou. “Estamos passando por horrores aqui e precisamos sair”, acrescentou.
Em relação ao formulário mencionado por Sara, ela mencionou que o preencheu, mas nada foi feito desde então. “Estamos em guerra total, não podemos esperar pelas pesquisas”, frisou.
Sara disse ainda que conhece vários outros brasileiros que buscam uma forma de sair do país. “A única coisa que o governo fez desde outubro do ano passado foi pedir o preenchimento de um formulário. Nada mais foi feito. Moro no município de Dahye e, aqui, está sendo destruído, e tenho um filho”, ele apontou. “O avião de guerra passa por nós. Não sabemos quando seremos atacados.”
Operações
Outros países começaram a evacuar os seus cidadãos. A Colômbia, por exemplo, enviou um voo no fim de semana para buscar 114 cidadãos que concluíram o processo de repatriação. O Reino Unido, por seu lado, anunciou na passada terça-feira que enviará 700 soldados para Chipre, uma ilha perto do Líbano, para preparar uma possível evacuação de emergência de cidadãos britânicos, se necessário.
Os voos comerciais ainda estão disponíveis na região, mas diminuíram bastante com a suspensão dos voos da companhia aérea Air France.
Em seu último compromisso na 79ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, na última quarta-feira, o presidente Lula condenou o conflito entre Israel e o Hezbollah no Líbano, mas não mencionou uma possível repatriação.
“É importante lembrarmos que o número total de mortes no Líbano é de 620 pessoas. Este é o maior número de mortes desde a guerra civil que durou entre 1975 e 1990. Também é importante lembrar que 94 mulheres e 50 crianças morreram, 2.058 pessoas ficaram feridas e 10 mil pessoas foram obrigadas a recuar e esvaziar as suas casas”, disse o petista em conferência de imprensa.
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