A cada eleição que acontece, o debate ideológico entre o eleitorado se intensifica. Porém, no final de setembro, o DataSenado publicou uma pesquisa mostrando que 40% não se consideram de esquerda, centro ou direita.
A pesquisa dividiu a apresentação dos dados em sete pontos: posicionamento político por estado, raça, gênero, religião, renda familiar, escolaridade e confiança nas pesquisas. Considerando apenas os seis primeiros, a taxa de não identificação com qualquer aspecto político permanece na mesma média.
O cientista político da Universidade de Brasília (UnB) Murilo Mendes explica que vários fatores podem estar contribuindo para a falta de identificação das pessoas com a política, como “a distância entre governantes e governados, a vida orgânica inconsistente dos partidos políticos, os conflitos na tomada de decisões”. processo de elaboração, a desproporção de desejos entre Estado e sociedade e, sobretudo, a escassa educação política na sociedade”.
Porém, para o especialista, esse problema não se limita ao Brasil. Murilo afirma que reabilitar a confiança da população nas instituições representativas, por meio do fortalecimento dos partidos, é uma alternativa para ampliar a cidadania. “Por mais que os canais de activismo digital e as plataformas de participação electrónica tenham ajudado a dar voz à sociedade civil, ainda vivemos com uma cultura política precária e com desigualdades estruturais alarmantes”, destacou.
Maria do Socorro, cientista política da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), afirma que um detalhe importante ficou de fora da análise do DataSenado: a faixa etária do eleitorado. “Se for uma geração mais velha, a questão cultural entra como um elemento muito forte. Mas se for uma geração mais jovem, ou seja, que tem menos experiência na vida política democrática, estes valores já não têm tanto peso. Então, é muito importante conhecermos também os dados sociodemográficos dessa amostra”, explica.
O especialista sublinha ainda que, embora 40% do eleitorado não se identifique com um espectro político, há outros 60% que o fazem. Ela explica que os partidos políticos estão “atingindo a idade adulta” e que alguns estudiosos afirmam que este é o período em que os primeiros padrões começam a aparecer. “Então, se 60% da população já tem essa identificação com um desses campos, já é bastante positivo para a nossa democracia, que ainda é considerada jovem”, destacou.
*Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer
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