A campanha eleitoral que mobiliza os 5.568 municípios brasileiros entra, esta quinta-feira, na sua fase final, com regras que devem ser seguidas pelos candidatos que pretendem conquistar uma cadeira de autarca ou uma vaga na Câmara Municipal. Na televisão e na rádio, a emissão de propaganda eleitoral obrigatória termina à meia-noite. Esse também é o prazo para comícios com palanque e som, mas, por ser o último dia de autorização legal, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) permite tolerância de duas horas para o fim do comício —na prática, o O evento eleitoral poderá durar até a madrugada desta sexta-feira.
As carreatas e caminhadas ficam abertas até sábado, quando os candidatos poderão pedir votos aos eleitores e ainda distribuir santos e veicular propaganda nas redes sociais. Em relação às pesquisas de intenção de voto, serão consideradas válidas apenas as pesquisas registradas na Justiça Eleitoral até a última segunda-feira. Nesta quarta deve sair mais um, do Datafolha.
Esta quinta-feira também é o último dia para promover debates entre candidatos. Nas maiores cidades do país é o dia do “debate Globo”, considerado o mais importante da campanha, não só por ser o último do primeiro turno, mas por ser promovido pela emissora de maior audiência no o país. A maioria dos candidatos mais concorridos costuma dedicar o dia à preparação para o confronto televisivo, que começa às 22h. Por isso, nas grandes cidades onde a competição é acirrada, com três ou mais adversários brigando por uma vaga no segundo turno, o programa desta noite ganha contornos dramáticos.
É o caso de Belo Horizonte e São Paulo, que têm três candidatos brigando pelas duas vagas no segundo turno, e Fortaleza, onde a disputa é ainda maior, com quatro nomes competitivos. Na maior cidade do país, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), de centro e com constrangido apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, defenderá sua gestão e deverá ser enfrentado mais duramente pelo deputado federal Guilherme Boulos (PSol), do interior do esquerda e apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva — que pouco participou da campanha — e pelo influenciador digital e empresário Pablo Marçal (PRTB), o forasteiro de direita que bagunçou a campanha com sua estratégia de desrespeitar qualquer regra do bem comportamento.
Sem direito ao horário eleitoral obrigatório, Marçal faz a sua campanha praticamente através das redes sociais, onde tem milhões de seguidores. Do lado de fora concorre a deputada Tabata Amaral (PSB), que viu seu nome subir nas pesquisas, mas não a ponto de ameaçar o trio favorito. A deputada, porém, é quem melhor aproveitou o espaço que os debates abrem para se dar mais conhecida. É também o mais contundente nas críticas a Pablo Marçal, pois vê uma boa possibilidade de roubar votos do influenciador.
Belo Horizonte e Fortaleza
Na capital mineira, o apresentador Mauro Tramonte (Republicanos) lidera as principais pesquisas, mas não conseguiu ultrapassar a marca de 30% de intenções de voto nos últimos 30 dias. O atual prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), e o deputado estadual Bruno Engler (PL) aproveitaram o período de campanha e, na reta final, apoiaram-se no líder. O que chama a atenção dos analistas é que, no espectro político, o trio está entre o centro e a direita. Os candidatos de esquerda ainda não decolaram: Rogério Correia (PT) e Duda Salabert (PDT) tentarão, no debate, atrair esse eleitorado mais progressista.
Na terça-feira, pela primeira vez nesta campanha, os sete principais candidatos a prefeito de BH estiveram em debate, em uma rádio municipal —o prefeito Fuad se recusou a participar dos anteriores. Com o fraco desempenho dos candidatos da esquerda tradicional, Fuad mudou sua estratégia e incorporou, em seus discursos, agendas ditas “progressistas”, como a defesa de grupos minoritários, e tem conseguido avançar algumas posições nas pesquisas de opinião .
Em Fortaleza, porém, o embate entre direita e esquerda é mais intenso e repartido entre quatro nomes —dois de cada lado, todos com chances de chegar ao segundo turno.
Segundo pesquisa do Real Time Big Data Institute, o deputado estadual Evandro Leitão (PT) — apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ex-ministro Cid Gomes — aparece na liderança, com 26% das intenções de voto, tecnicamente empatado com Bolsonaro federal deputado André Fernandes (PL), com 25%.
Também com chances de chegar ao segundo turno estão o deputado federal Capitão Wagner, outro apoiador de carteirinha de Bolsonaro, com 19%, e o atual prefeito, José Sarto (PDT), com 16%, que conta com o apoio do ex-presidenciável Ciro Gomes. Apesar de contar com a máquina da prefeitura, Sarto faz parte do time de titulares que ainda não conseguiram sensibilizar o próprio eleitorado da cidade e estão caindo nas pesquisas. O capitão Wagner tenta, pela terceira vez, chegar ao Paço Episcopal (sede do poder municipal) e tenta arrancar votos de Fernandes e Sarto para se tornar viável eleitoralmente.
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