Se em 2022 Luiz Inácio Lula da Silva venceu a disputa nas urnas contra Jair Bolsonaro, o ex-presidente venceu nestas eleições municipais. O principal nome do PL conquistou mais aliados que o adversário petista. O resultado reflete o engajamento de ambos, já que Bolsonaro percorreu o país em campanha, enquanto Lula estava ocupado com os compromissos do cargo e cauteloso para que alianças regionais não causassem danos à governabilidade.
Os dois aliados apoiados por Lula são Paes (PSD), no Rio de Janeiro, e João Campos (PSB), em Recife, reeleito ontem. Para o segundo turno concorrem cinco candidatos apoiados pelo petista: Lúdio Cabral (PT), Cuiabá; Evandro Leitão (PT), Fortaleza; Natália Bonavides (PT), Natal; Maria do Rosário, Porto Alegre; e Guilherme Boulos (Psol), São Paulo.
Bolsonaro, por sua vez, elegeu sete aliados: Arthur Henrique (MDB), Boa Vista; Tião Bocalom (PL), Rio Branco; Dr. Furlan (MDB), Macapá; Topázio Neto (PSD), Florianópolis; Arthur Henrique (MDB), Boa Vista; João Henrique Caldas (PL), Maceió e Bruno Reis (União Brasil), Salvador.
Ele também apresentou muito mais candidatos que Lula, com 14 candidaturas: Emília Corrêa (PL), Aracaju; Éder Mauro (PL), Belém; Bruno Engler (PL), Belo Horizonte; Abílio Brunini (PL), Cuiabá; Eduardo Pimentel (PSD), Curitiba; André Fernandes (PL), Fortaleza; Fred Rodrigues (PL), Goiânia; Marcelo Queiroga (PL), João Pessoa; Capitão Alberto Neto (PL), Manaus; Paulinho Freire (União Brasil), Natal; Janad Valcari (PL), Palmas; Sebastião Melo (MDB), Porto Alegre; Mariana Carvalho (União Brasil), Porto Velho; e Ricardo Nunes (MDB), em São Paulo.
A baixa participação de Lula nas campanhas frustrou aliados. Ele só subiu ao palco em São Paulo, ao lado do deputado federal Guilherme Boulos (PSol-SP). Mesmo assim, apenas em três eventos. Nas demais campanhas, limitou-se a gravar vídeos e imagens para propagandas eleitorais. Além da agenda lotada, há outros fatores para o afastamento do presidente.
A primeira é a estratégia do próprio PT para as eleições. O partido apostou em alianças com partidos que compõem o atual governo. Dos 13 candidatos petistas, apenas quatro passaram ao segundo turno e nenhum foi eleito. Além disso, não querendo prejudicar a governabilidade, Lula orientou os ministros a não entrarem em “bolas divididas”, ou seja, a não fazerem campanhas contra candidatos da base.
Retrocesso no Rio
Bolsonaro, por sua vez, foi mais atuante. A maioria dos comícios em que participou ocorreram em cidades rurais. Porém, durante o período de campanha, o ex-presidente foi a Natal, Fortaleza, Goiânia, Vitória e Rio de Janeiro. Em São Paulo, porém, ele também manteve distância.
O ex-presidente evitou se envolver na campanha de Ricardo Nunes — que caminha para o segundo turno — até a ascensão do ex-técnico Pablo Marçal, que tentou se aproximar de Bolsonaro e assustou o entorno. Só então o líder do PL começou a gravar materiais para a reeleição do atual prefeito. Coube a um dos aliados mais próximos do ex-presidente, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, emprestar seu capital político para impulsionar Nunes.
Em sua cidade natal eleitoral, o Rio de Janeiro, Bolsonaro teve um desempenho abaixo das expectativas. Eduardo Paes foi reeleito no primeiro turno, com cerca de 60% dos votos. O deputado Bolsonaro Alexandre Ramagem (PL-RJ) atraiu cerca de 30% dos eleitores, apesar dos esforços feitos pelo ex-presidente na semana passada para tentar levá-lo ao segundo turno. Sem cargos públicos, Bolsonaro se comprometeu totalmente a apoiar o PL nos municípios, na sua meta de atingir 1.500 prefeituras.
Alerta para 2026
Para o professor de Ciência Política da UDF André Rosa, o resultado levanta um alerta para Lula em 2026, demonstrando a força do PL e, de forma geral, o avanço da centro-direita. “Tudo indica que foi um resultado péssimo em relação a Lula. É um perigo para o PT em 2026, a centro-direita vem muito mais forte”, avaliou em conversa com o Correio.
Luciana Santana, professora de Ciência Política da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), por sua vez, destaca que não houve uma influência de Lula e Bolsonaro tão grande como se esperava, considerando o cenário polarizado das eleições presidenciais de 2018 e 2022. dois, porém, ela vê que o partido do ex-presidente teve um avanço importante na prefeitura, assim como os partidos de centro.
“O PL estava mais bem organizado e tinha um trunfo grande e de mais sucesso. Ele saiu mais forte e estará forte para 2026, provavelmente com muita força para criar um banco maior”, afirmou. Para ela, o afastamento do presidente Lula das campanhas contribuiu para o resultado, mas ressalta que é uma posição delicada para o chefe do Executivo.
“Ocupando o cargo, ele se expõe muito, principalmente em casos de derrota política. Ele mostra fragilidade e, sendo chefe de Estado, é difícil estabelecer diálogo com quem entra como oposição”, acrescentou. A advogada e cientista política Nauê Bernardo avalia que, embora haja grande influência do cenário nacional nas eleições municipais, que vem crescendo nos últimos anos, a lógica local ainda permanece. “O que os eleitores querem saber sobre as questões locais foi muito preponderante”, comentou.
Você gostou do artigo? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê sua opinião! O Correio tem espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores através do e-mail sredat.df@dabr.com.br
imagem de empréstimo
como conseguir crédito no picpay
picpay instalar
cred rápido
banco noverde
noverde whatsapp
siape consignação
bk bank telefone
apk picpay
consignado inss bancos
px significado