O período eleitoral de 2024 é o mais violento dos últimos anos. Ao longo dos 51 dias do 1º turno eleitoral, 10 pessoas foram assassinadas por motivos políticos, uma a cada cinco dias —no pleito de 2022, no mesmo período, foi registrado apenas um homicídio. Outras 138 pessoas foram ameaçadas, 100 sofreram agressões, 54 foram agredidas e 51 ofendidas, além de 13 criminalizações e sete invasões. O levantamento, realizado pelas organizações sociais Terra de Direito e Justiça Global, foi divulgado nesta quinta-feira (10/10) com a publicação da 3ª edição da pesquisa “Violência Política e Eleitoral no Brasil”.
Os 373 casos registados entre 16 de Agosto e 6 de Outubro dizem respeito à violência política cometida contra políticos em exercício, pré-candidatos, ministros ou secretários de governo e assessores parlamentares. A média diária de ocorrências no 1º turno de 2024 foi de sete casos, enquanto em 2022 foi de dois por dia.
As estatísticas mudam se considerarmos a semana que antecede o dia da votação. À medida que a votação se aproximava, a violência intensificou-se e em seis dias foram registados 99 incidentes (de 373). A média, portanto, salta de sete para 16 casos por dia, de 1º a 6 de outubro, ou uma ocorrência a cada 1 hora e meia.
Com 138 casos, 37% do total, os crimes cometidos no 1º turno foram ameaças de diversas naturezas: racistas, sexistas, homofóbicas ou transfóbicas e estupro. O segundo tipo de violência mais comum foram as agressões (26,8%). Os 100 casos registrados em 2024 representaram um aumento de 614% em relação ao 1º turno das eleições de 2022, quando esse número era de 14. As agressões físicas, psicológicas e verbais aparecem em terceiro lugar, com 54 registros, incluindo um caso de violência sexual ( estupro).
A par do número de ataques registados, os 51 crimes cometidos contra líderes políticos tiveram as mulheres como um alvo ainda mais vulnerável. Dos oito crimes sexuais, cinco visaram candidatos através de montagens fotográficas envolvendo nudez, e dois dos outros três foram vazamentos de vídeos íntimos de mulheres. Embora não cheguem nem a 35% do total de candidatas e sejam minoria na ocupação de cargos de liderança na política, as mulheres cisgênero e trans foram vítimas de 35% das violências (principalmente ameaças) cometidas.
A diretora executiva da Justiça Global, Glaucia Marinho, confirma o aumento crescente do número de incidentes de violência registrados na política e destaca uma tendência maior nas eleições municipais, “onde há uma intensificação dentro das cidades que evidencia disputas locais”. “As notícias também mostram situações de intervenção de organizações criminosas nas eleições eleitorais, o que representa uma ameaça preocupante à democracia”, declara. No relatório anual foram registrados 518 incidentes, o ano mais violento da série histórica produzida pelas duas organizações.
Uma das vítimas de homicídio político foi o candidato a vereador de Gameleiras, Minas Gerais, Zaqueu Fernandes Balieiro, 45 anos, assassinado no dia 29 de setembro, na última semana antes das votações do 1º turno. Zaqueu era líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e, segundo o movimento, sofria ameaças há anos devido às suas ações em defesa do direito à terra.
No dia do crime, o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC) emitiu uma nota de condolências à família do ativista. Os autores do crime ainda não foram encontrados e as investigações estão sendo realizadas sob a coordenação do Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos e da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos.
Violência no 1º turno de 2024
Número de ocorrências por período:
- De 16 de agosto a 30 de setembro (45 dias): 274
- De 1º a 6 de outubro (seis dias): 99
- Total de ocorrências (nos 51 dias): 373
Tipos de crimes registrados
- 10 assassinatos
- 100 ataques
- 138 ameaças
- 54 ataques
- 51 ofensas
- 13 criminalizações
- 7 invasões
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