O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, disse saber o que é ser ameaçado pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), durante o julgamento que libertou o senador Sérgio Moro (União Brasil -PR) do impeachment nesta terça-feira, 21. As ações contra Moro indicaram que o parlamentar contratou seguranças e adquiriu carros blindados com recursos de campanha.
“Eu sei o que é ser ameaçado pelo PCC. Eu sei o que é ser ameaçado, você e sua família, de morte. Então, falar que a segurança do ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro fazer campanha é um gasto de campanha, falar que tem carro blindado e segurança para ele fazer (campanha)… eu nem diria com calma, porque não dá tranquilidade, mas dá tranquilidade para sua família , sua esposa, seus filhos”, afirmou Moraes.
No ano passado, a Polícia Federal (PF) desmantelou uma trama do PCC que planejava sequestrar e executar Moro. A ação seria a vingança da facção pela aprovação do pacote anticrime no Congresso Nacional, idealizado por Moro quando era ministro da Justiça no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A medida criou dificuldades para o PCC, endurecendo o regime prisional e dificultando o comando dos líderes das facções dentro do sistema prisional.
Antes de ser indicado pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) para ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF) em 2017, Moraes foi secretário de Segurança Pública de São Paulo em dois períodos: entre 2002 e 2005 e entre 2015 e 2016. Depois saindo do departamento e antes de chegar ao STF, foi ministro da Justiça no governo Temer.
Por unanimidade, o TSE rejeitou recursos da Federação Brasileira da Esperança, que inclui o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e do PL, do ex-presidente Bolsonaro, que pediam a cassação do mandato e a inelegibilidade por oito anos do mandato. ex-juiz da Lava Jato.
Moro foi acusado pelos partidos de ter causado desequilíbrio eleitoral ao anunciar que era pré-candidato à Presidência da República e depois concorrer a senador pelo Paraná, cargo para o qual foi eleito com 1,9 milhão de votos. Os autores dos recursos somaram valores que foram gastos pela equipe do ex-juiz em diferentes campanhas e, entre os valores, estão R$ 34.069 com segurança privada e R$ 17.733 com compra e locação de veículos blindados.
Na votação, que fechou o placar de 7 a 0 para rejeitar o pedido de impeachment do senador, Moraes disse ainda que o processo de Moro é único e não pode ser comparado ao julgamento da ex-senadora Selma Arruda (Podemos-MT), usado como precedente no O caso. Selma foi condenada em 2019 pelo TSE por abuso de poder econômico e caixa dois na pré-campanha.
“Esse caso não tem semelhança com o caso de Selma Arruda. Houve tentativas, principalmente na imprensa, de traçar semelhanças. Lá foram recebidos recursos privados para a pré-campanha. Recursos privados e não declarados. Sem semelhança”, disse Moraes.
Moro elogiou o Judiciário após ser absolvido pelo TSE
Após o fim do julgamento do TSE, Moro elogiou a decisão do Tribunal nas redes sociais. No X (antigo Twitter), o senador afirmou que o julgamento do TSE foi “unânime”, “técnico” e “independente”. “A soberania popular e o voto de quase dois milhões de paranaenses foram respeitados”, disse.
Em entrevista à imprensa nesta quarta-feira, 22, Moro disse que “temos que ter orgulho do nosso Judiciário” pela “independência” demonstrada durante o julgamento de seu destino político. “Não vi nenhuma crítica ao conteúdo jurídico deste julgamento. E temos que nos orgulhar do nosso Judiciário, que mostrou essa independência. Mostramos, mais uma vez, que nada é impossível, que podemos sim superar esses desafios”, afirmou. .
O ex-juiz da Lava Jato afirmou ainda que não pretende concorrer à Presidência em 2026, mas apoiará um projeto que busca derrotar o PT.
Para assistir ao vídeo com o depoimento de Moraes, basta Clique aqui.
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