A participação das mulheres na política no Brasil ainda está longe do ideal, é o que expõe o livro Candidatas: os primeiros passos das mulheres na política brasileiraescrito pelas pesquisadoras Malu Gatto (University College London) e Débora Thomé (Fundação Getúlio Vargas). Atualmente, a Câmara dos Deputados é composta por 17,7% de parlamentares mulheres e 82,3% de homens, um dos piores índices da América Latina. Mesmo com os esforços para incluir as mulheres na política, tais como as políticas de quotas, as mulheres ainda têm um longo caminho a percorrer antes de alcançarem a paridade na política.
Com lançamento previsto para esta sexta-feira (18/10), às 19h, na livraria Circulares, em Brasília, o livro aborda a trajetória de 102 candidatos às eleições de 2020 e 2022. Por meio de 188 entrevistas com os 79 candidatos e com os 23 candidatos, além de dados oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os autores responderam questões sobre como os candidatos vivenciam o processo eleitoral, quais as violências que enfrentam e quais as diferenças entre homens e mulheres. candidatas femininas.
“Realizamos entrevistas com candidatos antes e depois das eleições, justamente para entender as expectativas e experiências que as pessoas passam nesse período. Acredito que a política distancia muito os candidatos do cidadão. Então, com este livro, buscamos trazer esses candidatos para a realidade, que eles são de carne e osso, o que muitas vezes deixamos de enxergar. Queríamos trazer à tona o lado humano desses candidatos, essa é a ideia do livro”, afirma Malu Gatto, doutora em Ciência Política e professora da University College London.
Gatto explica que o livro foi dividido em momentos. “O primeiro passo é antes mesmo das inscrições. Queríamos perceber de onde vem a ambição das mulheres e como conseguirão chegar à candidatura. Neste momento as mulheres já estão em desvantagem”, comenta.
“Eles têm dificuldade de interagir com os partidos, ou seja, tentam navegar nessa relação com os dirigentes, mas não conseguem os recursos que gostariam ou que foram prometidos, além da falta de apoio que acreditam ser necessário . Há um descompasso muito forte entre os candidatos e os partidos”, explica Débora Thomé, doutora em Ciência Política e professora do FGV Cepesp.
Os autores reiteram que a rejeição pelos partidos independe da ideologia política do candidato. “O maior obstáculo que todas as mulheres enfrentam, independente da ideologia política, são as dificuldades com partidos”, diz Gatto.
Além disso, a violência política é comum na rotina de um candidato eleitoral. Segundo a pesquisa, todas as mulheres denunciaram algum tipo de violência durante a campanha, mas as agressões e o desrespeito atingem com maior intensidade as mulheres negras e transexuais.
“A violência política também está intimamente relacionada com a dinâmica partidária. Então, eles se sentem violados quando não recebem dinheiro para a campanha, e isso se torna um desafio para eles. Eles ainda sabem pouco sobre o ambiente em que tentam navegar para serem eleitos”, explica Thomé.
Débora Thomé também argumenta que a forma como o Brasil elege candidatos e políticas públicas envolve processos brasileiros. “É preciso pensar, uma vez que já existem cotas femininas de 30% e financiamento obrigatório, em algumas mudanças. Uma delas é aumentar o poder das mulheres nos órgãos partidários, seja por meio de negociações ou de políticas públicas. Outra medida importante é começar a discutir o aumento desse percentual de cotas, além de começar a falar em reservar vagas para mulheres no Congresso Nacional.”
O livro “Candidatas: os primeiros passos das mulheres na política brasileira” será lançado na sexta-feira (18/10) na livraria Circulares (CLN 113, bloco A), às 19h. Contará com a participação da autora Débora Thomé e da pesquisadora Marcela Machado para um bate-papo.
*Estagiário sob supervisão de Ronayre Nunes
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