O segundo debate para a prefeitura de São Paulo, promovido por grupos de comunicação Record e Estadãoaconteceu na noite de sábado (19/10). Logo no início, o jornalista Eduardo Ribeiro, mediador do embate, alertou que nenhum documento ou objeto poderia ser mostrado, seja de Guilherme Boulos (PSOL) ou de Ricardo Nunes (MDB).
Ambos os candidatos lançaram ataques durante o confronto, usando desde o início fatos passados de suas vidas. Episódios como tiros para o ar, acidente de carro, esquema de crack de Janone e máfia da creche foram mencionados diversas vezes. Boulos e Nunes obtiveram alguns direitos de resposta ao longo do debate.
Debater ou brigar?
Segurança pública foi um dos temas discutidos. Nunes perguntou o que Boulos pensava da Polícia Militar e afirmou que sempre defendeu o fim da PM. Boulos respondeu alertando que defende uma polícia armada capacitada e perguntou de volta se o emedebista concordava com seu vice-prefeito em “tratar as pessoas que moram no Capão Redondo de forma diferente das que moram nos Jardins”.
Boulos logo trouxe à tona o tema dos apagões – que não duraram tanto quanto o esperado. Ele voltou a falar sobre o aditivo ao acordo e Nunes refutou dizendo que o contrato previa que a retirada dos fios em contato com a fiação deveria ser retirada pela Enel. Ele lembrou ainda a presença do ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, com um dos diretores globais da Enel em Roma, na semana passada, antes do apagão.
Leia a íntegra do termo que Boulos mencionou durante o debate:
4.8 – A ENEL SP poderá submeter à avaliação da SMSUB situações que julgar necessárias à remoção da árvore por riscos à segurança da população e/ou ao sistema de distribuição de energia elétrica, cabendo à SMSUB a remoção da árvore, caso julgue cabível. necessário, e à ENEL SP o plantio de reposição, de acordo com a legislação ambiental aplicável”.
Desde o início, Guilherme Boulos associou a imagem de Nunes ao crime organizado, e voltou a fazê-lo ao relembrar a investigação sobre a máfia das creches. “A cidade de São Paulo está nas mãos de esquemas desde a máfia das creches”, afirmou o esquerdista. Nunes também falou sobre a atuação do PSOL em São Paulo e no Brasil, trazendo os resultados do partido nas eleições e sua posição nas votações de projetos, afirmando que “eles são extremistas e que em nenhum lugar onde estiveram houve avanços, apenas atrasos”.
A Sabesp é uma nova Enel?
No segundo bloco, os jornalistas escolheram os candidatos e fizeram suas perguntas. Um dos temas foi a manutenção de “fugas de presos” direcionadas ao deputado federal. Boulos lembrou que a lei já prevê que criminosos violentos não tenham esse direito e que houve votação simbólica entre todos os partidos.
Nunes foi enfático ao reafirmar que é contra. “Não podemos mais permitir que pessoas que infringem leis fiquem impunes”, disse o candidato ao se posicionar contra a medida. Segundo ele, “os criminosos não precisam estar ‘de fora’. Eles têm que estar presos”.
A privatização foi outro tema discutido ao falar da empresa paulista de abastecimento de água. A questão era “o que aconteceria no caso de um apagão de água na cidade?” Nunes disse que o acordo assinado prevê R$ 68 bilhões em investimentos para universalizar e tratar 100% da rede de esgoto até 2029. Desse valor, R$ 28 bilhões só na cidade de São Paulo.
“Todas as comunidades que ainda não possuem serviço de esgotamento sanitário estão descritas como atendidas”, afirmou o prefeito. “Assim vamos limpar o Tietê”, acrescentou. “O mesmo discurso dessa privatização da Sabesp foi feito pela Eletropaulo e depois assumido pela Enel. A Sabesp pode ser a Enel da água”, disse Boulos ao comentar a privatização da empresa de abastecimento de água da cidade. O bloco também comentou a falta de experiência do executivo e da segurança pública de Boulos durante o mandato de Nunes.
Mais ataques
No terceiro bloco houve um confronto direto entre os candidatos com a criação de empregos abrindo a discussão. Nunes culpou o PSOL por não aprovar um PL que geraria empregos nas periferias. Boulos comentou que houve duas votações, na primeira votaram a favor e na segunda contra, devido à inserção de jabutis onde a prefeitura poderia emprestar moeda estrangeira aos bancos.
Após o confronto, Nunes trouxe à tona o tema meio ambiente e habitação, e relembrou a invasão de Boulos, em 2013, em uma área de nascentes e áreas ambientais. O candidato do PSOL respondeu que “deixou caducar o decreto e não assinou outro. O projeto habitacional era um projeto modelo ambiental, é uma pena”, respondeu. Ele também acusou Nunes de se recusar a ceder terrenos que o ex-prefeito Bruno Covas já havia cedido para conjuntos habitacionais.
Em relação ao transporte, o candidato do PSOL destacou que a promessa era de 40 km e foram cumpridos 4 km e perguntou onde Nunes errou. O prefeito rebateu dizendo que viabilizou 72 km, mais do que o previsto no plano de metas. “Todas estas obras terão, naturalmente, prioridade para o transporte público”, afirmou Nunes. Ao responder, o deputado federal lembrou que algumas estradas eram reformas de pistas existentes.
A seguir, Nunes explicou o dinheiro que a prefeitura paga para manter a tarifa em R$ 4,40 nos últimos quatro anos. “Se não fosse o subsídio a passagem seria de R$ 11,20, vocês não querem e eu não quero. Ajustei a saúde financeira da cidade para continuar com o subsídio”, esclareceu e garantiu que o preço não aumentaria caso fosse reeleito. Na oportunidade de comentar, Boulos destacou que a prefeitura está pagando quase o dobro em relação ao início do mandato —R$ 3 bilhões a quase R$ 6 bilhões— e que as empresas reduziram sua frota em quase 20%.
Outro tema discutido foi a privatização dos cemitérios, o atual prefeito disse que era uma medida para acabar com a corrupção no setor. “Nunes falando sobre combate à corrupção soa como o casal Nardoni falando sobre cuidar dos filhos”, disse Boulos sobre a declaração de Nunes. Sobre a fala da concorrente, o prefeito pediu desculpas à mãe de Isabella Nardoni e se solidarizou com a dor dela, dois quarteirões à frente. O prefeito lembrou ainda que Boulos já tem, só no segundo turno, 21 condenações por fake news.
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