O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca hoje para a 16ª Cúpula de Líderes do BRICS, em Kazan, na Rússia, com dois objetivos em mente: finalizar os critérios para a criação da categoria “países parceiros” do bloco e buscar propostas viáveis para alcançar a paz no Oriente Médio — além de uma possível posição conjunta sobre o tema.
Em relação ao primeiro tema, a presidência brasileira do bloco recebeu diversos pedidos de adesão de outras nações. Contudo, o governo Lula não pretende patrocinar nenhum país que queira aderir ao BRICS.
“O Brasil adotou a posição de não indicar porque entendemos que o importante é discutir os critérios. Depois, ver quais países se enquadram nesses critérios”, destacou o embaixador Eduardo Paes Saboia, secretário do Itamaraty para Ásia e Pacífico, secretário de Ásia e Pacífico do Ministério das Relações Exteriores.
Para a representação brasileira, entre os critérios a serem considerados para adesão estão o equilíbrio geográfico, a manutenção de relações amistosas com os membros plenos e o apoio a uma reforma abrangente da Organização das Nações Unidas (ONU) — especialmente do Conselho de Segurança.
Contudo, o ponto alto da cimeira será a discussão das duas frentes de guerra abertas por Israel — ao sul, na Faixa de Gaza, contra o Hamas, e ao norte, no Líbano, contra o Hezbollah. Lula condenou as ações militares autorizadas pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Complexidade
Mas a complexidade do tema não se limita às críticas ao presidente brasileiro. O Irão, um dos novos membros dos BRICS, está directamente envolvido no conflito – atacou e foi atacado por Israel devido ao seu apoio ao Hezbollah. Além disso, a Rússia – fundadora do bloco – é partidária do regime de Bashar Al-Assad, autocrata sírio, que, por enquanto, não foi arrastado para o conflito, mas exige a devolução, por Tel Aviv, das Colinas de Golã – tomadas pelo Israelenses em 1967, na Guerra dos Seis Dias.
Outro ator direto nesta situação de instabilidade no Médio Oriente, e que faz parte dos BRICS, é o Egito, que tem sido a porta de saída para os refugiados palestinos que querem sair de Gaza. Os Emirados Árabes Unidos, que fazem parte do bloco, são o principal interlocutor entre a liderança do Hamas e a diplomacia israelense nas negociações sobre os reféns capturados pelo grupo terrorista em 7 de outubro de 2023.
Esta é a primeira reunião do bloco após a ampliação do seu quadro de membros — que, além de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, é formado também por Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã.
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