Cerca de 34 milhões de eleitores podem votar este ano segundo turno das eleições municipais. Eles vão às urnas em 51 municípios brasileiros com mais de 200 mil habitantes, dos quais 15 são capitais. São Paulo, com 9,3 milhões de eleitores, tem a disputa mais nacionalizada: o prefeito Ricardo Nunes (MDB) disputa a reeleição com o apoio do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele chega ao dia das eleições como claro favorito. Guilherme Boulos (PSol), seu adversário, é apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Somente uma reviravolta histórica dos eleitores paulistas poderia mudar esse rumo.
Com locais de votação abertos a partir das 8h, Belo Horizonte (MG), com 2 milhões de eleitores, também irá às urnas; Fortaleza (1,7 milhão); Manaus (1,4 milhão); Curitiba (1,4 milhão); Belém (1 milhão); e Goiânia (1 milhão). Com menos de 1 milhão de eleitores estão Aracaju, Natal, Porto Alegre, Campo Grande, João Pessoa, Porto Velho, Cuiabá e Palmas. As eleições ocorrem em ambiente pacífico, exceto em Manaus, Fortaleza e Caucaia (CE), onde o Exército foi mobilizado para garantir a segurança do pleito.
Goiânia, Belém, Porto Alegre, João Pessoa e Aracaju têm eleições praticamente definidas, segundo pesquisas. Em Goiânia, com apoio do governador Ronaldo Caiado (União), Sandro Mabel (União) consolidou vantagem sobre Fred Rodrigues (PL), apoiado pelo ex-presidente Bolsonaro. O pano de fundo desta disputa é a liderança da oposição ao presidente Lula nas eleições de 2026. Em Belém, capital do Pará, Igor Normando (MDB), candidato ao governador Hélder Barbalho (MDB) e aliado de Lula, é grande favorito contra o deputado Éder Mauro (PL), apoiado por Bolsonaro.
Em Porto Alegre, o prefeito Sebastião Melo (MDB) deve derrotar Maria do Rosário (PT), o que reforça as posições do MDB nas capitais. Em João Pessoa, Cícero Lucena (PP) leva vantagem sobre o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga (PL), o responsável pela pandemia, aliado de Bolsonaro. Em Aracaju, porém, Emília Corrêa (PL), apoiada pelo ex-presidente, deve derrotar Luiz Roberto (PDT), outro apoiador do governo.
Nas demais capitais há empate técnico entre os candidatos, mas Paulinho Freire (União) é o favorito, em Natal, contra a petista Natália Bonavides (PT); e Fuad Noman (PSD), em Belo Horizonte, que deve derrotar Bruno Engler (PL). A disputa em Fortaleza está extremamente acirrada, com vantagem de André Fernandes (PL) sobre Evando Leitão (PT). A situação se repete em Cuiabá, entre os favoritos Abílio Brunini (PL) e Lúdio (PT).
O presidente Lula será o grande perdedor no segundo turno, mesmo não tendo se envolvido fortemente nas disputas, mesmo em São Paulo. O PL deve arrecadar 10 prefeituras neste segundo turno, duas em cada região do país. O União Brasil, provavelmente, nove: três no Nordeste e Sudeste, dois no Centro-Oeste e um no Sul. O PSD não repete o desempenho do primeiro turno, é favorito em sete grandes cidades, sendo quatro no Sudeste, duas no Sul e uma no Nordeste. Em quarto lugar vem o MDB, com a joia da coroa, São Paulo, e outras cinco cidades: duas no Sudeste, as demais no Norte, Centro-Oeste e Sul.
O Podemos deverá ganhar quatro prefeituras, à frente de PT, Republicanos e PP, com três cada. PSDB e PDT elegerão dois prefeitos; o Avante e o Novo, um de cada. PL e União Brasil deverão ser os grandes vencedores do segundo turno, o que mostra uma opção clara entre os eleitores das grandes cidades brasileiras por partidos de direita. De certa forma, a divisão entre a centro-direita, representada pelo União Brasil, e a extrema-direita, pelo PL, não é apenas um confronto entre o governador Ronaldo Caiado, que pretende concorrer à Presidência, e o ex-presidente Bolsonaro, que ainda imagina que ele possa reverter sua inelegibilidade. Reflete também o esgotamento da política de frente de esquerda do PT, que enfraquece o presidente Lula.
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