A pouco mais de três meses da eleição para a nova Mesa Diretora da Câmara, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), formalizou seu apoio ao deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) para sucedê-lo no cargo. A iniciativa de Lira fez com que os partidos reunissem suas bancadas para avaliar qual posicionamento irão assumir.
O anúncio de Lira aconteceu na residência oficial da Câmara, com a presença do líder do PP, Dr. Luizinho (PP-RJ), e do líder do MDB, Isnaldo Bulhões (MDB-AL). O presidente da Câmara afirmou que busca um candidato que garanta o diálogo, inclusive com os adversários.
“Depois de muita conversa e escuta, estou convencido de que o candidato com melhores condições políticas para construir a convergência no parlamento é o deputado Hugo Motta, nome que tem demonstrado capacidade de alinhar pólos aparentemente antagônicos com diálogo, leveza e orgulho”, elogiou . Ele agradeceu os votos recebidos dos 464 deputados que o reelegeram há dois anos.
Diante da impossibilidade de concorrer a um terceiro mandato, Lira sinalizou a expectativa de ter em Motta a continuidade “da agenda positiva e das entregas históricas” que deixa ao país. “Declarar apoio a Hugo Motta, neste momento, é minha contribuição pessoal para a convergência, para que continuemos com uma Câmara dos Deputados atuante, propositiva, firme na defesa das prerrogativas do Parlamento, da democracia e do Brasil”, acrescentou.
Motta entrou na disputa em setembro, depois que o presidente de seu partido, Marcos Pereira (SP), desistiu da candidatura para se tornar apoiador. Até então, a preferência de Lira era por Elmar Nascimento (União Brasil-BA). Mas assim que Motta apareceu na disputa houve uma reviravolta, já que o parlamentar tem presença mais forte na Casa, reunindo as alas de direita, esquerda e centro na mesma direção. Exemplo disso é sua estreita relação com os dirigentes do PL, Altineu Côrtes (PL-RJ), e do PT, Odair Cunha (PT-MG).
Após o anúncio de Lira, os republicanos lançaram oficialmente a candidatura de Motta. Segundo o partido, o deputado é “o nome capaz de reunir todas as forças políticas da Câmara para fortalecer a agenda legislativa e enfrentar os desafios que o Brasil enfrenta”. “Os 44 deputados republicanos estarão ao seu lado nesta jornada”, afirmou o partido em nota.
Na cerimônia, Motta agradeceu a confiança depositada no partido, agradeceu a Marcos Pereira pela oportunidade e disse estar ciente de sua responsabilidade na sucessão do segundo mandato de Lira.
Em seguida, foi a vez do PP receber, na sala de reuniões da Câmara, Lira, Motta e o presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI), para, junto à bancada, reiterar a escolha. O PP tem 50 deputados.
Oponentes
Os outros dois candidatos ao cargo, Elmar Nascimento e Antonio Brito (PSD-BA), também estiveram na Câmara, para participar de reunião de bancada com o PT.
Elmar propôs ao PT a formação de um bloco com ele, o PSD e os partidos que compõem o bloco e desafiou os seus adversários para um debate aberto, “com temas que são importantes”. “O país merece conhecer-nos para basear o nosso ponto de vista no que pensamos e quais são as nossas propostas para o futuro”, destacou. “Façam um debate entre eu, Brito e Hugo para que o Brasil nos conheça, o que cada um pensa sobre os rumos do país. Estamos falando do segundo posicionamento mais importante da República, e não pode ser baseado em uma nota escrita , previsível.”
Antes de ir ao gabinete do PT, Elmar teve uma reunião com a bancada do União Brasil. Em suas redes sociais, ele falou sobre o anúncio de Lira, dizendo que o apoio do alagoano a Motta “é legítimo”, mas que “a gestão da Câmara dos Deputados não deve buscar a unanimidade artificial”. E Lira cutucou: “A palavra comprometida deve ser o pilar dessa liderança. A confiança e o respeito aos compromissos são essenciais para a integridade do processo legislativo. Quem não cumpre a palavra pode comandar, mas não lidera”.
Brito se definiu como “o candidato do consenso”. Ele alegou não ter chegado a nenhum acordo com o PT, mas se mostrou confiante e afirmou que tem a seu favor a bancada do União Brasil e outros partidos. “Tenho buscado ser o consenso na Câmara. Dialogo com a esquerda, a direita e o centro. Consenso não é buscar o consenso dos desiguais. uma votação com previsibilidade e é isso que vou fazer”, declarou após reunião com petistas.
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