Em dois dias, o candidato à presidência da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), já conquistou o apoio das bancadas mais significativas da Casa e conta com a maioria dos parlamentares caso todos os votos sejam confirmados. Após Arthur Lira (PP-AL) indicá-lo como seu sucessor para o cargo, na véspera, Podemos, PT, PL e MDB decidiram seguir o mesmo caminho. E, ontem, anunciaram a preferência por Motta aos concorrentes Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e Antônio Brito (PSD-BA) na disputa que acontecerá em fevereiro de 2025.
O candidato republicano poderá contar com 312 votos dos 513 parlamentares da Câmara, ou 62,5%, se todos votarem nele nas eleições do próximo ano.
Em discurso representando a bancada do MDB e anunciando apoio a Motta, o presidente do partido, Baleia Rossi (SP), agradeceu ao deputado Marcos Pereira, presidente do Republicanos, e ao líder da bancada, Isnaldo Bulhões Jr. ). “Esperamos de vocês o equilíbrio, a busca pelo consenso e que possamos ter no diálogo, mesmo entre parlamentares que pensam diferente, a busca por uma agenda que possa fazer avançar o nosso país, deixando de lado as diferenças partidárias e posições ideológicas”, disse Rossi.
A bancada do PT na Câmara, por sua vez, anunciou “por aclamação” que criará um bloco parlamentar de apoio a Motta. Após reunião com parlamentares petistas, Hugo Motta agradeceu o apoio da presidente do partido, Gleisi Hoffmann (PR), e dos líderes do governo José Guimarães (CE) e da bancada Odair Cunha (MG) e fez um discurso conciliatório. “Saio daqui com a certeza de que a Câmara dos Deputados dará um grande passo, cada vez mais, para ser uma Casa colaborativa com os interesses do país. Que possamos aqui unir nossos esforços e energias para discutir os grandes temas, para ajudar o país com seu equilíbrio econômico, geração de empregos, geração de renda, saúde e outras questões importantes que a sociedade exige”, afirmou.
Diálogos
Ao justificar seu apoio ao deputado paraibano, Odair Cunha reforçou que o PT busca construir um bloco de diálogo para tratar de questões importantes para a sociedade brasileira. “A consolidação deste bloco significa o funcionamento democrático desta casa legislativa. Foi um processo de diálogo permanente”, declarou.
Ao anunciar apoio a Motta, na terça-feira, Lira disse que queria deixar em seu lugar alguém que pudesse dar continuidade aos seus projetos, dialogando com a esquerda, a direita e o centro. “Tenho certeza que Hugo Motta, deputado experiente, em seu quarto mandato, e que viveu e vive de perto os desafios que permeiam a nossa gestão, saberá como fazer a Câmara dos Deputados seguir em frente”, declarou. Para ele, Motta é o candidato capaz de “combinar pólos aparentemente antagônicos com o diálogo”.
Antes de anunciar apoio ao deputado Hugo Motta, a bancada do PL se reuniu, no Senado Federal, com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Os parlamentares apoiaram oficialmente a candidatura de Davi Alcolumbre (União-AP), que concorrerá à presidência do Senado também em fevereiro.
A decisão foi informada pelo senador Rogério Marinho (RN) ao lado do senador Flávio Bolsonaro (SP). “Entendemos que, neste momento, é estrategicamente importante ter uma posição do Partido Liberal para que haja o respeito à proporcionalidade, a ocupação de comissões permanentes que nos permitam trabalhar questões importantes”, afirmou Marinho. O senador reclamou da forma como a gestão de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) conduziu processos dentro da Casa, que, segundo ele, não levou em conta o tamanho das bancadas “nem respeitou a história do próprio Parlamento”.
Antes de confirmarem o anúncio de apoio a Motta, os parlamentares do PL tentaram durante a tarde negociar reivindicações para serem atendidos por um candidato específico ou até mesmo lançar uma candidatura própria.
Dentro do partido, porém, a indecisão aumentou depois que Lira retirou da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara o projeto de lei que prevê anistia aos bolsonaristas condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nos atentados de 8 de janeiro e o transferiu para um comissão especial.
A notícia foi dada pelo deputado alagoano junto com o anúncio de apoio ao deputado Hugo Motta e, como isso leva a uma tramitação mais lenta, desagrada Bolsonaro. O ex-presidente usa o projeto como uma das estratégias para reverter sua inelegibilidade.
As últimas mudanças de posicionamento de Lira desagradaram a muitos, inclusive ao deputado Elmar Nascimento, que foi o nome escolhido pelo presidente da Câmara para substituí-lo. Desde ontem, Nascimento dá dicas ao alagoano nas redes sociais. Ele ainda escreveu que “a presidência da Câmara não pode ser definida nos bastidores, mas sim diante da imprensa e da sociedade” e criticou seu ex-apoiador: “Palavras comprometidas devem ser o pilar desta liderança. pela integridade do processo legislativo. Quem não cumpre a palavra pode comandar, mas não lidera”.
Nascimento tem insistido em criar uma audiência entre os três candidatos, para saber “o que cada um pensa sobre os rumos do país”, já que a presidência da Câmara é “o segundo cargo mais importante da República e não pode basear-se no escrito nota, do previsível”. De forma mais tranquila, Antônio Brito está confiante na formação do bloco baseado em coligações sindicais para ganhar força na disputa.
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