Na apresentação da Proposta de Emenda à Constituição Securitária (PEC), nesta quinta-feira, aos governadores, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, alfinetou a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) sobre as falhas da corporação nos atos golpistas de 8 Janeiro para a sede dos Três Poderes.
Lewandowski lembrou que a investigação da Polícia Federal (PF) sobre atos extremistas destacou as falhas da PMDF. Segundo o ministro, se houvesse uma Polícia Federal Ostensiva — proposta na PEC da Segurança —, a manifestação golpista não teria acontecido.
“Se tivéssemos, em 8 de janeiro de 2022 (2023), uma Polícia Federal Ostensiva aqui, as invasões às sedes dos Três Poderes não teriam ocorrido, porque dependemos — estive no Supremo Tribunal Federal (STF) — de da PMDF”, declarou Lewandowski, na reunião, no Palácio do Planalto, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Sem qualquer crítica, mas a PF concluiu a investigação sobre o assunto e chegou à conclusão de que houve grandes falhas por parte desta honrada e valiosa corporação do Distrito Federal”, acrescentou. Na reunião desta quinta, a vice-governadora do DF, Celina Leão (PP), representou o governador Ibaneis Rocha (MDB).
Relatório da PF sobre os atos golpistas, entregue esta semana à Procuradoria-Geral da República (PGR), apontou falhas na Secretaria de Segurança Pública (SSP) do DF, que, na época, era comandada por Anderson Torres, investigado por participação em um tentativa de golpe de Estado.
Além disso, membros da liderança da PMDF estão sendo investigados por conivência com os ataques. O mesmo relatório apontou erros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), ligado à Presidência da República, que, na altura, era chefiado pelo general Gonçalves Dias. Ele pediu demissão após surgir um vídeo mostrando que ele oferecia água a invasores do Palácio do Planalto.
Lewandowski também criticou a atuação da Polícia Civil do Rio de Janeiro na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol). As investigações foram federalizadas em 2023 pelo então ministro da Justiça, Flávio Dino, hoje no STF.
Foi a PF quem apontou os nomes dos irmãos Chiquinho Brazão, deputado federal (sem partido-RJ), e Domingos Brazão, assessor do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, como mandantes do crime. A corporação também acusou o delegado Rivaldo Barbosa, que chefiava a Polícia Civil do Rio de Janeiro, de tentar atrapalhar as investigações.
“Há cinco anos, sinto muito governador Cláudio Castro, a polícia do Rio de Janeiro demorou muito para solucionar o crime e não o fez. A valente e combativa PF entrou, com sete homens, e desvendou esse lamentável crime “, afirmou.
Castro respondeu com o microfone desligado e não foi possível ouvir o que ele disse. Lewandowski então tentou amenizar. “Mas não é crítico, estamos colaborando muito estreitamente, governador Cláudio Castro. (Secretário de Segurança) Mário Sarrubbo foi ao Rio de Janeiro atendendo ao seu pedido. Estamos em pleno diálogo, plena conversa”, frisou.
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