A Polícia Federal (PF) foi ao Supremo Tribunal Federal (STF) para solicitar a abertura de inquérito para apurar um suposto caso de desvio de recursos de emendas parlamentares do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), que está preso como suspeito de ser um dos responsáveis pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
A PF afirma ter provas de que Brazão e o ex-deputado federal Pedro Augusto Palareti (PP-RJ) operaram um esquema para desviar emendas. As provas teriam sido colhidas após a apreensão do celular de Robson Calixto da Fonseca, ex-assessor de Domingos Brazão, no Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ). Ele é irmão de Chiquinho e também está preso acusado de ser um dos mandantes do crime contra Marielle.
Robson foi preso no início do mês, suspeito de ter intermediado um encontro entre os irmãos Brazão e Ronnie Lessa, executor confesso do assassinato do vereador.
Segundo a PF, Wendre Dias, auxiliar de Chiquinho Brazão, enviou mensagens para Robson, também conhecido como Peixe, pedindo a aprovação de emendas no valor de R$ 4 milhões. O Peixe teria sido o responsável pelo repasse dos valores.
O relatório da corporação indica que foram encontradas imagens no celular de Robson envolvendo emendas, compra de bens de luxo e contato com deputados que tratam do assunto. O Peixe queria “arrecadar, para si, bens potencialmente incompatíveis com suas fontes legais de renda”.
Em 2023, conforme aponta a PF, ele teria adquirido uma cobertura em condomínio no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, avaliada em R$ 2,2 milhões. Os valores foram transferidos para contas da empresa Elohim Serviços Terceirizados, que tem como única sócia Maria Clara Fonseca, filha de Robson.
“Foi possível estabelecer o papel de PEIXE como homem que atua nos bastidores em defesa dos interesses espúrios da Família BRAZÃO, a fim de arrecadar, para si, bens potencialmente incompatíveis com suas fontes legais de renda”, diz o relatório da PF .
A PF também encontrou trocas de mensagens entre Robson e Maria de Fátima Bezerra, assessora do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). A corporação afirma ter encontrado mensagens que indicam que em pelo menos duas ocasiões Robson a encarregou de encaminhar as alterações. O relatório não indica, porém, se houve resposta e também não indica evidências do envolvimento ilegal de Flávio.
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