A deputada Erika Hilton (PSol-SP) busca assinaturas para apresentar à mesa diretora da Câmara uma PEC formulada pelo movimento social Vida Além do Trabalho (VAT) —liderado pelo vereador Rick Azevedo (PSol). A proposta visa encerrar a jornada 6×1, considerada exaustiva pelos apoiadores do projeto. Para que a emenda constitucional comece a tramitar é necessária a assinatura de 171 deputados.
Desde que o tema começou a ganhar espaço de discussão, principalmente nas redes sociais, críticos e apoiadores têm se manifestado sobre a possível viabilidade do projeto. O Correspondência ouvi especialistas para entender melhor se tal texto pode funcionar no país.
Mariana Machado Pedroso, sócia responsável pela área trabalhista do Chenut Advogados, destaca que é importante lembrar a lei nº. 605, de 5 de janeiro de 1949, que dispõe sobre o descanso semanal remunerado. A lei prevê que sejam dadas 24 horas seguidas de descanso e remuneradas, resultando em trabalho de segunda a sábado —e descanso no domingo, que é trabalho remunerado. “Isso é importante porque, na proposta de emenda constitucional, não há menção ao que será feito com isso”, explica. “Então, se reduzirmos a jornada de trabalho, ainda terei apenas um dia de descanso remunerado por semana”, pondera.
Mauricio Tanabe, líder da área trabalhista do Campos Mello Advogados e professor da Fundação Getúlio Vargas, informa que a jornada poderá ser negociada com o sindicato. “A legislação federal estabeleceu um limite, mas não impediu que as empresas e determinados setores da economia pudessem negociar as próprias condições de trabalho”.
“O Brasil já possui um mecanismo próprio para estabelecimento de jornadas alternativas de trabalho, que é justamente a negociação sindical, que foi instituída pela constituição federal, por meio de acordo ou convenção coletiva de trabalho”, detalha Tanabe. “Na minha opinião, o Brasil não precisa fazer esse ajuste, porque já possui mecanismos próprios para fazer esse ajuste de acordo com o segmento.”
O professor diz que a alteração proposta fala em reduzir em 8 horas a atual jornada de trabalho, além de distribuir essa jornada de trabalho, para que ela ocorra em até, no máximo, quatro dias por semana. Para as empresas não pararem, teriam que contratar mais gente. “Obviamente, isso teria um impacto enorme no trabalho, porque seria necessário criar mais empregos, que seriam repassados ao custo do produto serviço. Em última análise, veremos uma pressão maior sobre a inflação.”
Tanabe alerta sobre as brechas que os empreiteiros podem encontrar com o fim da escala 6×1: “Historicamente, todos os processos, mesmo negociações sindicais onde houve redução de jornada de trabalho, houve aumento de horas extras. temos a certeza que a redução da jornada de trabalho gerará mais horas extras, aumentará os custos e não responderá aos novos empregos que se esperam com esta redução da jornada de trabalho.”
Trabalhadores cansados
Mariana comenta o quão desgastante a jornada pode ser para os trabalhadores. “Hoje, quando falamos em tecnologias de comunicação, o tempo todo conectadas, muitas vezes é para que alguma grande e expressiva camada de colaboradores não necessariamente encerre sua atividade laboral quando sai do horário.”
Segundo ela, o projeto é viável para o Brasil. “Na verdade, tivemos um período experimental com algumas empresas, que adotaram esta semana de trabalho de quatro dias. Os resultados apontados foram positivos, com efetivo aumento de produtividade”, informa. “Embora contraditório, parece que os funcionários, por dedicarem menos tempo ao trabalho, acabam sendo mais produtivos.”
Porém, de forma prática, Mariana diz que esta operação deve passar por um período de transição, especialmente pensando nas empresas que operam em escala, e nos negócios que não podem parar —em especial, empresas com atividades essenciais ou que possuem unidades de produção, que trabalhar de segunda a segunda. A redução da jornada de trabalho nunca foi impedida por lei ou pela Justiça do Trabalho, o que não pode é a redução de salários.
“Seria uma mudança muito significativa. Acho que hoje, inclusive, não conseguimos, de forma geral, abranger todos os impactos que essa mudança pode trazer. Temos que lembrar também que uma consequência disso é: se eu tiver funcionário, que trabalhará quatro dias por semana para um empregador, então posso estar criando uma oportunidade para esse funcionário ter dois empregos – o que já sabemos que acontece.”
Segundo Mariana, para garantir que o descanso proposto pelo projeto seja possível, é preciso percorrer um caminho mais tortuoso e mais longo. Ela questiona: “Um funcionário médio, hoje, recebe um salário — e podemos considerar um salário mínimo — que é suficiente para ele ter uma vida digna? Para ele ter saúde, segurança, lazer, moradia, alimentação? certamente muitos deles optarão por mais trabalho e não por descanso.”
Mariana diz ainda que uma forma de garantir o descanso dos trabalhadores é adotar medidas de gestão, que resultariam em avanços na qualidade do descanso dos colaboradores — como regular a mídia, não exagerar nas horas extras, entre outros fatores.
*Estagiário sob supervisão de Ronayre Nunes
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