O deputado federal e ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (Novo-SP), disse nesta quarta-feira (21) que deixará de comprar produtos da rede de hipermercados francesa Carrefour. A afirmação é uma resposta ao anúncio do CEO do grupo, Alexandre Bompard, que disse que a rede não venderia mais carne produzida em países do Mercosul, incluindo o Brasil, na França.
“A partir de hoje, na minha família, não compramos mais nada no Carrefour”, escreveu Ricardo Salles em seu perfil no X (antigo Twitter). A decisão do Carrefour foi uma resposta à pressão crescente dos agricultores franceses que temem a concorrência dos produtos sul-americanos.
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Na última segunda-feira (18), a Federação Nacional dos Sindicatos dos Operadores Agrícolas (Fnsea) e o grupo Jovens Agricultores começaram a bloquear rodovias. O objetivo é pressionar o presidente Emmanuel Macron a vetar um possível acordo entre o Mercosul e a União Europeia.
Ministério também se manifesta
Nesta quinta-feira (21), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento emitiu nota na qual afirma rejeitar a decisão do Carrefour.
“O Ministério da Agricultura e Pecuária reitera a qualidade e o compromisso da agricultura brasileira com a legislação e as boas práticas agrícolas, alinhadas às diretrizes internacionais. Diante disso, rejeita as declarações do presidente do Carrefour, Alexandre Bompard, a respeito das carnes produzidas pelos países do Mercosul”, escreveu.
O ministério disse ainda que o sistema de Defesa Agropecuária do Mapa atende aos mais rigorosos padrões, inclusive para a União Europeia, que “compra e certifica, por meio de suas autoridades sanitárias, a qualidade e sanidade da carne produzida no Brasil há mais de 40 anos”.
“A posição do Mapa é de não acreditar em um movimento orquestrado por empresas francesas visando dificultar a formalização do Acordo Mercosul-União Europeia, debatido na cúpula do G20 esta semana. O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou prejudicar a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, emendou.
O que diz o Carrefour
O Correspondência procurou a rede de hipermercados para comentar a nota do Ministério da Agricultura e Pecuária. Em comunicado, o grupo reforçou o que já tinha dito na quarta-feira: a medida anunciada só se aplica a lojas em França.
“Em nenhum momento (a decisão) se refere à qualidade do produto do Mercosul, mas apenas a uma demanda do setor agrícola francês, atualmente em contexto de crise”, destacou a nota.
“Todos os demais países onde o Grupo Carrefour atua, incluindo Brasil e Argentina, continuam operando sem alterações e podem continuar comprando carne do Mercosul. Nos demais países, onde existe o modelo de franquia, também não há mudanças”, escreveu o grupo.
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