Deputados aproveitaram o Plenário da Câmara dos Deputados desta quarta-feira (27/11) para falar sobre o relatório da Polícia Federal que teve seu sigilo quebrado e confirmou a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro no plano de golpe de Estado. A tentativa de golpe também incluiu o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em seu discurso, a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), afirmou que Bolsonaro estava ciente da tentativa de golpe. “Tem focinho de porco, orelha de porco, rabo de porco e não é porco? Claro que é. Bolsonaro sabia, ele foi o grande mentor de todo esse plano”, afirmou, ironicamente.
A deputada Maria do Rosário (PT-RS) também falou sobre a reportagem, descrevendo a trama como “uma ação violenta, inconstitucional e criminosa”, com o objetivo de assassinar Lula, Alckmin e Moraes. Ela se posicionou contra a possibilidade de anistia aos envolvidos, mencionando o projeto de lei 2.858/22, que propõe anistia aos responsáveis pelos atos de vandalismo ocorridos em 8 de janeiro de 2023.
O deputado Bohn Gass (PT-RS), por sua vez, descreveu o plano descrito no relatório como o “episódio mais hediondo” da história recente do Brasil. “O relatório da PF revela detalhes alarmantes, que demonstram um plano com imensa frieza, tão detalhado que incluía até armadilhas e especificações das armas a serem utilizadas — comportamento típico de facções como Comando Vermelho e PCC”, afirmou.
Chico Alencar (PSol-RJ) destacou a solidez das evidências presentes no relatório, que contém mais de 800 páginas de informações. “Este é um dia histórico, pois, pela primeira vez, estamos discutindo publicamente as investigações sobre uma tentativa de golpe de Estado, que envolvem até oficiais militares, incluindo generais, coronéis e 37 réus, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro”, apontou .
Oponentes defendem Bolsonaro
Por outro lado, deputados da oposição tentaram desacreditar o relatório da Polícia Federal. O deputado capitão Alberto Neto (PL-AM), vice-líder do PL, chamou o inquérito de “cortina de fumaça” para desviar a atenção de decisões impopulares do governo. “Acreditam que isso é um golpe porque um policial não conseguiu pegar um táxi. Acha que um padre merece ser indiciado porque está conspirando contra a República?”, disse Neto, minimizando a gravidade das denúncias.
Carlos Jordy (PL-RJ) também desqualificou as investigações, chamando-as de “falsa tentativa de golpe”. Ele sugeriu que Bolsonaro estava sendo acusado de conspirar contra si mesmo. “Estão dizendo que Bolsonaro estava tramando um golpe, mas não conseguiu porque não tinha táxi disponível”, brincou.
Quem também defendeu Bolsonaro foram os deputados Luiz Lima (PL-RJ) e David Soares (União-SP), que criticaram o relatório e questionaram a imparcialidade do ministro Alexandre de Moraes.
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