Nesta terça-feira, o governo federal pediu ao secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, a liberação de R$ 7,8 bilhões em emendas parlamentares. O pedido ocorreu um dia depois de o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizar a retomada dos pagamentos, bloqueados desde agosto. Os ministérios com mais recursos transferidos são Saúde (R$ 4,1 bilhões) e Fazenda (R$ 3,2 bilhões).
Há também valores de outras seis pastas: Agricultura e Pecuária (R$ 13,4 milhões), Educação (R$ 177,6 milhões), Integração e Desenvolvimento Regional (R$ 166,8 milhões), Turismo (R$ 5 milhões), Desenvolvimento Social (R$ 5 milhões). US$ 43,6 milhões) e Cidades (R$ 129,1 milhões). A expectativa é que os valores sejam efetivamente pagos até sexta-feira, segundo o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP).
Em 2024, o Executivo já pagou R$ 30,72 bilhões em emendas, incluindo valores indicados em anos anteriores, sendo R$ 19,2 bilhões em emendas individuais; R$ 8,2 bilhões em alterações de comissão (coletiva); R$ 4,35 bilhões das bancadas estaduais e R$ 2 bilhões restantes das emendas do relator (RP9). Os dados são do portal Siga Brasil, do Senado.
Após a decisão de Flávio Dino — que foi confirmada pelo plenário do Supremo —, houve certa irritação por parte de lideranças no Congresso. Isso porque o ministro condicionou o pagamento à adoção de medidas de transparência na indicação e pagamento dos recursos, após o Congresso ter aprovado um projeto que, em tese, já resolveria esses mesmos problemas. Na prática, porém, houve poucos progressos na rastreabilidade e transparência das transferências.
Para evitar problemas com o Congresso —do qual depende a aprovação dos três textos do pacote de corte de gastos até 20 de dezembro—, o governo fez um aceno ao Legislativo e prometeu enviar, nesta terça-feira, um comunicado de embargo ao STF sobre o tema . Esse instrumento é utilizado quando uma das partes envolvidas em um processo tem dúvidas sobre o que o juiz quis dizer em uma decisão.
Nesse caso, o Executivo quer entender se será válido o PLP 175 de 2024, aprovado pela Câmara e pelo Senado; ou se o que será válido será o critério da decisão de Flávio Dino.
“Acabei de explicar isso ao presidente da Comissão Mista de Orçamento; ao relator do Orçamento de 2025, senador Angelo Coronel (PSD-BA); a todos os líderes partidários da Comissão Mista de Orçamento: a posição do governo é de defesa do acordo que foi assinado entre o Congresso Nacional e o Executivo e discutido previamente”, disse Randolfe Rodrigues.
Durante a discussão das alterações, o debate do Orçamento de 2025 foi adiado na Comissão Mista de Orçamento. O Correio mostrou que o atraso na votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) pode comprometer os recursos do governo no início do ano que vem, já que, sem a votação da LDO, a União não conseguiria utilizar 1/12 do Orçamento anterior, conforme previsto em lei.
Randolfe disse, porém, que agora as coisas “estão fluindo”. Na sua avaliação, será um desafio para o governo e o Congresso aprovar o pacote fiscal do Tesouro e a Lei Orçamentária Anual nas próximas semanas, mas o senador acredita que será possível. Ele afirmou que a LDO será votada até a próxima sexta-feira.
“Estamos trabalhando com um cronograma, que não é necessário para o governo, é necessário para o Brasil. Precisamos aprovar todas as questões fiscais que foram encaminhadas para cá, porque temos uma forte turbulência internacional, principalmente pelas medidas que o novo presidente dos Estados Unidos pretende adotá-lo na economia”, destacou.
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