O senador Jorge Seif (PL-SC) defendeu o policial militar que jogou um homem da ponte na região da Cidade Ademar, zona sul da capital paulista. Em postagem no X (antigo Twitter) desta quarta-feira, 4, o senador afirmou que o erro dos policiais envolvidos na ação foi jogar o homem em um riacho, e não “em um penhasco”.
“O erro dos policiais foi jogar o criminoso em um riacho? Não foi do penhasco? (…) Levar uma pancada no riacho é uma recompensa. Minha solidariedade e apoio incondicional aos PMs e ao Secretário de Estado Segurança, Guilherme Derrite”, disse Seif.
Horas depois, o senador catarinense apagou a publicação. Procurado pelo jornal O Estado de S. Paulo para explicar por que retirou a declaração de seu perfil, Seif não havia respondido até a publicação deste texto.
O caso ocorreu na madrugada desta segunda-feira, 2, e foi captado em um vídeo que se espalhou pelas redes sociais. No momento da ação, o policial que jogou o homem da ponte estava com a câmera corporal desligada. Derrite prometeu “punição severa” aos envolvidos, enquanto o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), classificou o episódio como “absurdo”. A Justiça Militar, a pedido da Corregedoria da PM, determinou a prisão preventiva do agente preso, e ele foi detido na manhã desta quinta-feira, 5.
A polícia de São Paulo matou 496 pessoas de janeiro a setembro. Este é o maior número para o período desde 2020, quando o índice chegou a 575. Em relação à mesma faixa do ano passado, o aumento é de 75%.
Seif é empresário do setor de pesca industrial e foi secretário especial de Aquicultura e Pesca durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). De 2019 a 2022, ganhou exposição com as lives promovidas pelo então presidente e passou a ser chamado de “06” pelo então chefe do Executivo, em referência à forma como o ex-presidente costuma chamar os filhos. Hoje, Seif faz parte do “núcleo duro” do bolsonarismo no Congresso Nacional.
Em agosto de 2019, diversas manchas de petróleo começaram a aparecer nas praias brasileiras, principalmente em estados da região Nordeste. Diante da crise, Jair Bolsonaro apelou ao seu secretário de Pesca para esclarecer o episódio. Seif minimizou a crise ambiental e disse que os peixes eram “animais inteligentes” e evitariam a maré negra.
“O peixe é um animal inteligente. Quando ele vê ali uma manta de óleo, capitão (Jair Bolsonaro), ele foge, fica com medo”, disse o então secretário, que argumentou que peixes e frutos do mar do varejo não estavam contaminados pela substância. “Então, obviamente você pode consumir seu peixe sem problemas. Lagosta, camarão, tudo é perfeitamente saudável”, disse Seif.
A afirmação sobre peixes “inteligentes” repercutiu nas redes sociais. Já Bolsonaro se aproximou ainda mais do secretário.
Em 2022, na primeira eleição que disputou, Seif foi eleito senador com 1.484.110 votos, 39,79% do eleitorado catarinense. Seu mandato ficou ameaçado ainda no primeiro semestre deste ano, quando chegou ao plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) uma representação que poderia cassá-lo. O ex-secretário é acusado de abuso de poder económico e de caixa dois. Em abril, a Justiça Eleitoral solicitou novas investigações sobre a denúncia, adiando a resolução do caso. O processo deverá ser retomado em 2025.
Entre março de 2023 e julho deste ano, o ex-secretário contratou Jair Renan, o “04” do ex-presidente, em seu escritório de apoio em Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina. O filho de Bolsonaro foi destituído do cargo de Seif para concorrer a vereador de Balneário Camboriú, sendo eleito com 3.033 votos, a maior votação da cidade para o cargo.
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