O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli afirmou em tom de brincadeira nesta quinta-feira, 5, que as multas determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes contra a rede social “X” (antigo Twitter) foram “muito leves” se comparadas às aplicadas em os Estados Unidos. Moraes, por sua vez, respondeu que irá “revisar” as imposições feitas contra a plataforma do bilionário Elon Musk.
“Nos Estados Unidos, em 2019, a Comissão Federal de Comércio aplicou uma multa de 170 milhões de dólares. Ministro Alexandre, as suas multas foram muito leves comparadas a estas”, disse Toffoli. “Vamos revisar”, respondeu Moraes.
O diálogo entre os ministros ocorreu durante o julgamento do Tribunal sobre a responsabilidade civil das plataformas e provedores pelos conteúdos publicados pelos usuários. Toffoli, que defendeu o aumento do envolvimento das empresas para postagens falsas que disseminam discursos de ódio, foi o primeiro juiz a votar o tema. O próximo será o ministro Luiz Fux, em sessão marcada para quarta-feira, 11.
O caso americano destacado por Toffoli ocorreu em setembro de 2019, quando as grandes empresas tecnológicas Google e YouTube foram condenadas a pagar 170 milhões de dólares por recolherem informações pessoais de crianças sem o consentimento dos pais.
As multas de Moraes citadas por Toffoli são aquelas que o ministro aplicou contra o X de Elon Musk, por descumprimento de decisões judiciais. Em agosto deste ano, a rede social foi suspensa por 39 dias após a empresa não pagar R$ 28,6 milhões em dívidas à Justiça.
Ao longo deste ano, Musk e Moraes travaram um embate que culminou na suspensão de X e na inclusão do bilionário na investigação da milícia digital. O magnata, por sua vez, lançou ataques contra o ministro, chamando-o de “ditador” e criou um perfil na rede social para divulgar as decisões sigilosas do magistrado.
Por conta das multas, que só foram pagas no início de outubro, Moraes bloqueou as contas da empresa de internet via satélite Starlink, que também pertence a Musk, mas faz parte de um grupo empresarial diferente do X. A medida foi considerada excepcional por especialistas e foi rejeitado pelo provedor.
O julgamento que tramita no STF gira em torno do artigo 19 do Marco Civil da Internet, que proíbe que as plataformas sejam responsabilizadas por conteúdos publicados pelos usuários, exceto se houver descumprimento de decisões judiciais de retirada de publicações.
Segundo Toffoli, a restrição é inconstitucional porque cria “imunidade” para empresas de tecnologia. Segundo o ministro, os utilizadores ficam desprotegidos num contexto de escalada de casos de violência digital, como cyberbullying, perseguição, fraudes e burlas, discursos de ódio e notícias falsas.
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