O dinheiro dado por Braga Netto em uma caixa de vinhos a integrantes do grupo Kids Pretos, do Exército, para executar o plano de assassinato do ministro Alexandre de Moraes e outras autoridades, foi obtido junto ao setor do agronegócio, conforme revelou o primeiro – o ajudante de campo do ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid.
Em depoimento à Polícia Federal, Cid mencionou uma reunião no Palácio do Planalto ou na residência oficial do Alvorada, com a participação dele, do general Braga Netto e do tenente-coronel do Exército Rafael Martins. Durante a reunião, o general teria entregue o dinheiro dentro de uma sacola de vinho, conforme prometido.
Acompanhe o canal Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
Segundo Cid, Braga Netto afirmou que os recursos foram obtidos com apoio de empresários do agronegócio. Os valores seriam usados para financiar o plano de assassinato do ministro do Supremo Tribunal Federal – conforme descrito pelo próprio Moraes na decisão que determinou a prisão do general.
O plano foi revelado após a prisão de Oliveira, conhecido como “Joe”, no dia 19 de novembro. Segundo a PF, o esquema para matar Moraes foi descoberto por causa de um problema técnico em aplicativos de mensagens considerados “mais seguros”, como Signal e UNA, utilizada por Cid e aliados do ex-presidente para tratar de assuntos sigilosos. Quando o aplicativo da UNA sofreu um “bug”, o tenente-coronel recorreu ao WhatsApp para informar Cid sobre os passos do plano, expondo as conversas.
Os envolvidos na trama habilitaram linhas telefônicas em nome de terceiros, criaram um grupo no aplicativo Signal chamado “Copa 2022” e adotaram codinomes baseados em países, como Alemanha, Áustria, Brasil, Argentina, Japão e Gana. A inspiração veio da série espanhola La Casa de Papel, em que os personagens usam nomes de cidades para esconder suas identidades.
A PF ainda investiga quem seria o líder das conversas que organizaram o plano. Dentro do grupo, o participante identificado como “Alemanha”, que utilizou linha telefônica de terceiros, permanece não identificado.
Embora os investigadores não tenham confirmado, o exame do celular de Braga Netto, confiscado pela PF, pode fornecer informações que ajudem a identificar o “líder” do esquema de execução do ministro Alexandre de Moraes. O plano acabou abortado de última hora porque a sessão daquele dia, 15 de dezembro, no Supremo, terminou mais cedo.
“Eles tentaram descobrir o que eu tinha dito”
A Polícia Federal reproduziu trecho do depoimento prestado pelo ex-ajudante de campo Mauro Cid, no início do mês, em que afirma que o general Braga Netto procurou sua família para obter informações sobre o acordo de delação premiada assinado com a PF .
Segundo Cid, a abordagem ocorreu logo após sua libertação, em setembro do ano passado, período em que ele decidiu colaborar e revelar tudo o que sabia. Além de Braga Netto, outras pessoas o contataram para saber o teor das informações compartilhadas.
“Basicamente isso aconteceu logo após a minha libertação, quando colaborei naquele período, onde não só ele (Braga Netto) mas também outros intermediários tentaram saber o que eu havia dito. Isso fez contato com meu pai, eles tentaram ver o que eu tinha, se eu realmente tinha colaborado, porque a imprensa estava falando muito, ele não era funcionário, e tentando entender o que eu tinha falado. Tanto que meu pai na resposta dele, que é a terceira, disse que não, o Cid disse que não”, disse Mauro Cid, à PF.
O ex-ajudante de campo continuou prestando informações sobre o general quatro estrelas, destacando que os contatos provavelmente ocorreram por telefone, já que seu pai morava no Rio de Janeiro e Braga Netto morava no Lago Sul, bairro nobre da região. Distrito Federal, naquela época.
“Então talvez intermediários pudessem estar tentando se aproximar de mim, até pessoalmente, para tentar entender o que eu falei, para querer questionar, mas como eu não conseguia falar, meio que ignorei a conversa e fui para outros caminhos , para não revelar o que foi dito. ”, disse Cid aos investigadores, em depoimento.
O pai de Cid queria
A reportagem cita ainda que Braga Netto procurou o general Mauro César Lourena Cid, pai do ex-ajudante de campo, para obter detalhes sobre o acordo de delação premiada assinado por Cid com a PF.
Segundo o documento, o candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, nas eleições de 2022, tentou acessar informações contidas no acordo de colaboração. Para sustentar essa conclusão, a PF mencionou que, durante buscas e apreensões realizadas contra os investigados, foram encontradas mensagens trocadas entre o general Mário Fernandes e o coronel Jorge Luiz Kormann.
Nos diálogos, os pais de Cid tranquilizaram Braga Netto e o general Augusto Heleno, afirmando que a aprovação do acordo de delação premiada de Mauro Cid com a PF era “tudo mentira”. As conversas ocorreram três dias após a aprovação, em setembro do ano passado.
Na avaliação da PF, o contato entre as partes, que chegou ao conhecimento de Mário Fernandes, indica que Braga Netto buscava informações confidenciais sobre o conteúdo da denúncia, atualmente mantida em sigilo pela PF e pelo STF.
A prisão do general também se baseou em informações prestadas por Mauro Cid ao ministro Alexandre de Moraes, em novembro, segundo as quais Braga Netto teria entregue dinheiro em espécie aos chamados Meninos Negros do Exército, usando caixas de vinho, para financiar um plano golpista. As declarações de Mauro Cid reforçaram a continuidade de seu acordo de delação premiada, ameaçado na época, e apoiaram o pedido de prisão preventiva de Braga Netto.
Braga Netto, que concorreu à vice-presidência na chapa de Jair Bolsonaro (PL) à reeleição em 2022, foi preso em casa, no Rio de Janeiro, pela Polícia Federal. Em Brasília, a corporação cumpriu outro mandado, contra o ex-assessor do general, coronel Flávio Botelho Peregrino.
imagem de empréstimo
como conseguir crédito no picpay
picpay instalar
cred rápido
banco noverde
noverde whatsapp
siape consignação
bk bank telefone
apk picpay
consignado inss bancos
px significado