A Polícia Civil de São Paulo abriu inquérito para apurar a denúncia de que o policial civil Arcenio Scribone Junior ameaçou a jornalista Natuza Nery, da Globo News, na noite de 30 de dezembro, em um supermercado da capital paulista. A corregedoria da instituição assumiu a investigação.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP), Natuza acionou a Polícia Militar através do 190 e tanto ela quanto o agente foram levados ao 14º DP (Pinheiros), para registrar a ocorrência. Segundo informações da coluna da jornalista Mônica Bergamo, do Folha de S.Pauloo homem teria dito que Natuza e a empresa para a qual ela trabalha são “responsáveis pela situação do país” e que pessoas como ela “merecem ser aniquiladas”.
“A Corregedoria da instituição, assim que teve conhecimento dos fatos, dirigiu-se à delegacia e assumiu as investigações, realizando diligências no estabelecimento em busca de imagens do ocorrido e de eventuais testemunhas”, afirma a SSP. Também foi aberto inquérito administrativo contra o agente, o que pode resultar em sua demissão.
Levantamento realizado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) informa que até novembro do ano passado foram registrados 71 casos de violência de gênero contra jornalistas no Brasil. Embora este seja o menor índice desde o início do monitoramento, em 2021, a entidade ressalta que os ataques continuam graves e ocorrem por meio de discursos difamatórios e campanhas de descrédito, que impactam o desempenho e a segurança dos profissionais.
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Segundo a pesquisa, 43,6% dos ataques envolveram discursos estigmatizantes e 16,1% vieram de figuras públicas ou autoridades. As mulheres representam 97% das vítimas e 88,7% dos ataques são contra repórteres e analistas — especialmente aqueles que cobrem política.
A Abraji define a classificação da violência de gênero contra jornalistas como aquela “marcada por insultos e ofensas baseadas na sexualidade, orientação sexual, aparência e identidade de gênero”. “As mulheres avançaram na profissão, dentro das redações e conquistaram posições de destaque. Mas enfrentam ataques que buscam desacreditá-las e afastá-las dessas funções”, destaca Maiá Menezes, vice-diretora da Abraji.
A associação também identificou, no levantamento de 2024, um aumento de denúncias relacionadas à violência virtual — que inclui ataques a redes sociais e campanhas de difamação com uso de robôs.
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