O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prepara, para a próxima semana, cerimônia em memória dos atentados de 8 de janeiro de 2023. O evento será realizado no Palácio do Planalto e na Praça dos Três Poderes, na quarta-feira, e deve reunir autoridades do país. todas as esferas, civil e militar. Já foram enviados convites a atuais e futuros chefes de Poder, parlamentares, comandantes das Forças Armadas e ministros de Estado. Além disso, pelo menos parte do evento será aberto à participação do público, com concentração na praça, em frente ao Planalto.
O evento marca dois anos desde que extremistas de Bolsonaro invadiram e vandalizaram as sedes da Presidência da República, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF), em movimento identificado pela Polícia Federal como uma das peças da tentativa de golpe de Estado. ‘état, orquestrado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados mais próximos.
Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); e do STF, o ministro Luís Roberto Barroso. No ano passado, apesar de ter sido chamado pelo chefe do Executivo, Lira faltou de última hora, explicando que um familiar sofria de problemas de saúde. Também foram convidados os principais candidatos para substituir os atuais presidentes do Congresso, nas eleições que ocorrerão no próximo mês: o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), que deverá assumir o comando da Câmara; e o senador Davi Alcolumbre (União-AP), futuro chefe do Senado.
Porém, devido ao horário do recesso e deslocamentos das autoridades, a lista de participantes segue aberta. O STF, por exemplo, deverá ser representado pelo ministro Edson Fachin, vice-presidente da Corte, que divide função com Barroso durante o recesso do Judiciário. Lira e Pacheco ainda não confirmaram participação.
O presidente Lula também convocou todos os seus 38 ministros para o evento, durante um jantar de comemoração de final de ano. Além disso, convocou os comandantes das Forças Armadas: General Tomás Paiva, do Exército; o tenente-brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno, da Aeronáutica; e o almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen, da Marinha. O Correio apurou que os comandantes confirmaram presença, assim como o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro.
O acontecimento deste ano surge após importantes revelações sobre uma tentativa de golpe de Estado no país, entre o final de 2022 e o início de 2023, que culminou na invasão da Esplanada. A PF concluiu a investigação e indiciou Bolsonaro e 36 de seus aliados por terem conspirado para tentar impedir a posse de Lula, inclusive planejando o assassinato do petista, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
A grande maioria dos indiciados são militares, entre eles o tenente-coronel Mauro Cid, cujo depoimento apoiou a investigação, e o general Walter Braga Netto, ex-ministro do governo Bolsonaro, que está preso por tentar interferir nas investigações.
A participação dos comandantes no ato desta quarta, portanto, simboliza um distanciamento das Forças Armadas, enquanto instituições, dos envolvidos no golpe. As investigações, porém, causaram constrangimento. Braga Netto se tornou o primeiro general quatro estrelas da história a ser preso, e a participação de um grande número de garotos negros – as Forças Especiais do Exército – iniciou até conversas sobre a extinção do batalhão. A medida, porém, foi considerada exagerada pelo Planalto, mas o Exército estuda reformular o setor de Operações Especiais.
Projeto de anistia
A cerimônia acontecerá em meio à pressão de parlamentares da oposição pela aprovação do Projeto de Lei de Anistia (PL), proposta que extingue as penas de todos os condenados e investigados pelos golpistas de 8 de janeiro —o que poderia beneficiar Bolsonaro. O texto foi orientado por Lira, mas a comissão especial, necessária para avaliar o projeto, ainda não foi constituída. A oposição pretende fazer da amnistia uma prioridade para este ano.
Por fim, a discussão sobre atos extremos também ganhou força após o atentado de novembro diante do STF, quando um homem-bomba tentou entrar no prédio com explosivos e, não conseguindo, jogou dispositivos contra a fachada. Ele então se deitou com a cabeça ao lado de uma bomba, que o detonou e o matou.
Participação popular
Um dos diferenciais em relação à lei de 2024, que marcou um ano dos ataques, é a participação popular. Os movimentos preparam um “ato em defesa da democracia” na Praça dos Três Poderes, com início previsto para as 11h. Durante a cerimônia, Lula deverá descer a rampa do Planalto acompanhado de aliados, ministros e autoridades, e realizar um abraço simbólico.
A participação popular está sendo organizada pelo PT-DF, sindicatos e outras entidades da sociedade civil. Ao convocar a participação da população no ato, em suas redes e sites, o partido destacou que o movimento é de rejeitar qualquer tipo de anistia para investigados e condenados por atos golpistas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Outro evento paralelo está sendo organizado pelo PT em Araraquara, no interior de São Paulo, cidade onde Lula estava quando começou a invasão na Esplanada e de onde determinou a intervenção federal na segurança do Distrito Federal. (Mayara Souto colaborou)
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