O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, nesta segunda-feira, o Projeto de Lei 4.932/2024, que restringe o uso de celulares e outros aparelhos eletrônicos nas escolas. A medida valerá a partir da data de publicação, nas redes públicas e privadas, mas ainda deverá ser regulamentada no prazo de até 30 dias.
Para Lula, a aprovação do texto pelo Congresso foi “um ato de coragem”. Ele disse duvidar que a proposta seja aprovada. “Muitas vezes imaginei que os deputados não teriam coragem de aprovar essa lei, por medo da internet. Porque hoje o deputado, para votar alguma coisa, fica pensando: ‘Quantos minutos vou ficar preso na internet ?Quantas pessoas vão fazer coisas ruins sobre mim?’”, comentou o presidente, ao assinar o documento, em cerimônia a portas fechadas no Palácio do Planalto.
A medida proíbe o uso de aparelhos tanto em sala de aula quanto nos intervalos, com exceções específicas. A ideia é que a ausência do celular ajude os alunos a se concentrarem nas aulas, diminuindo possíveis distrações e permitindo a interação entre crianças e adolescentes nos momentos de lazer e atividades sociais.
O ministro da Educação, Camilo Santana, explicou que a intenção não é afastar os jovens da tecnologia, mas sim utilizá-la de forma positiva. “Não somos contra o acesso à tecnologia. Mas queremos que essa ferramenta seja utilizada de forma adequada. Este projeto restringe e proíbe o uso pessoal de celulares em sala de aula. Queremos que o uso desse equipamento seja utilizado apenas em sala de aula para fins pedagógicos , sob orientação do professor”, frisou.
Santana citou a importância da medida na socialização de crianças e jovens. “Também estamos proibindo o uso nos intervalos da sala de aula. Perdemos a cultura do intervalo da sala de aula, de jogar futebol, bola de gude, ler um livro, contar o que você fez no final de semana, que faz parte do processo pedagógico. o projeto também visa estimular e fortalecer o relacionamento entre os alunos em sala de aula”, acrescentou.
Lula lembrou que outros países aprovaram medidas semelhantes, como França, Espanha, Finlândia, Coreia do Sul e África do Sul.
Educação básica
A nova lei tem origem no PL 4.932/2024, aprovado pelo Congresso em 18 de dezembro do ano passado. “É proibida a utilização, pelos alunos, de dispositivos eletrónicos pessoais portáteis durante as aulas, recreios ou intervalos entre aulas, para todas as fases do ensino básico”, diz. Além dos celulares, a medida vale para tablets, smartwatches, computadores e quaisquer outros dispositivos.
Existem exceções, no entanto. Os dispositivos podem ser utilizados em sala de aula sob orientação de professores para atividades exclusivamente pedagógicas ou didáticas, bem como em casos de emergência ou para garantir acessibilidade, inclusão, saúde e direitos fundamentais dos alunos.
Além da restrição aos aparelhos, a lei exige que as escolas orientem os alunos sobre os riscos de sofrimento psicológico pelo uso excessivo de celulares e computadores, e treinem professores e funcionários para detectar casos e ajudar os alunos.
“O Conselho Nacional de Educação (CNE) vai fazer uma resolução que orienta a rede, as escolas, sobre como fazer isso sem parecer uma opressão”, disse a secretária da Criança e do Adolescente do Ministério dos Direitos Humanos, Maria do Pilar Lacerda, que também participou da sanção.
Rio e São Paulo
A proibição do celular nas escolas já é lei no Rio de Janeiro e em São Paulo. Na cidade do Rio, os aparelhos estão proibidos desde fevereiro do ano passado. No estado de São Paulo, desde dezembro passado.
No Rio, a medida adotada pelo prefeito Eduardo Paes (PSD), à época, passou por consulta pública, que registrou mais de 10 mil contribuições. Os resultados mostraram que houve 83% de apoio à restrição, enquanto 6% foram contra e 11% foram parcialmente a favor. A mudança foi implementada por meio de decreto municipal.
O secretário de Educação do município, Renan Ferreirinha (PSD-RJ), que também assumiu o cargo de deputado federal, como suplente, no ano passado, foi relator do projeto em nível nacional, na Câmara. Na sua opinião, houve uma forte aceitação por parte da sociedade, tanto dos pais e professores, como dos alunos.
“Percebemos que já tínhamos esse apoio, porque eles entenderam que havia um processo de falta de respeito com os professores, e esta é uma lei que deixa bem claro: os professores precisam ter o respeito das suas aulas”, afirmou, para o Correio.
No caso das crianças, a secretária relata que o processo de adaptação foi mais simples. “Até os 12 anos o processo de adaptação é muito rápido, porque no primeiro dia eles ficam chateados, mas no segundo dia estão felizes, estão brincando, brincando, correndo”.
Entre os alunos com 13 anos ou mais, foi necessário explicar os motivos e ampliar o debate com eles. “Os adolescentes começam a redescobrir a escola, o campo esportivo, o grêmio estudantil, e é muito interessante vê-los, lembrando que é possível estar mais numa experiência olho no olho”, explica.
A lei federal — reforça o secretário — não tem coloração partidária. Ele destacou que tanto os partidos de direita como os de esquerda se uniram para fazer avançar a discussão no Parlamento. “E conseguimos o melhor texto possível aprovado no Congresso Nacional, que passa uma mensagem clara que diz que precisamos pisar no freio na arrumação, combater a epidemia de distrações em curso, sem ir contra a tecnologia”, disse Ferreirinha.
Para o relator do projeto que virou lei, a tecnologia pode ser uma aliada dos estudantes, desde que utilizada de forma consciente e responsável. “Senão, acaba sendo um inimigo do processo educacional. Então, no final das contas é isso, e acho que conseguimos dar um grande passo em favor da educação brasileira”, completou.
imagem de empréstimo
como conseguir crédito no picpay
picpay instalar
cred rápido
banco noverde
noverde whatsapp
siape consignação
bk bank telefone
apk picpay
consignado inss bancos
px significado