Após a resposta do grupo Meta sobre o encerramento do serviço de checagem de fatos, a Advocacia-Geral da União (AGU) afirmou, nesta terça-feira (14/1), que alguns aspectos das informações prestadas causam “séria preocupação” e abrem precedentes para descumprimento da legislação brasileira. A instituição destacou mudanças na Política de Conduta de Ódio e também marcou audiência pública sobre o tema para esta quinta-feira (16/1).
Na noite desta segunda-feira (13/1), a plataforma explicou os efeitos no país do fim do programa de fact-checking nas redes sociais dos Estados Unidos. Em nota, a AGU aponta a confirmação da alteração e adoção, no Brasil, da Política de Conduta de Ódio, que “pode representar terreno fértil para violação de legislação e preceitos constitucionais que protegem direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros”.
“Alguns aspectos contidos no documento da Target causam séria preocupação na AGU e nos órgãos do governo federal. Principalmente a confirmação da mudança e adoção, no Brasil, da Política de Conduta de Ódio que, claramente, poderia representar terreno fértil para violação de legislação e preceitos constitucionais que protegem direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros”, afirma.
O Escritório ressalta que a decisão da Meta contradiz afirmações da empresa em declarações recentes proferidas durante a discussão sobre o Marco Civil da Internet, no âmbito dos processos que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Em tais manifestações, os representantes das empresas garantiram que as então políticas de governança de conteúdo eram suficientes para proteger os direitos fundamentais dos usuários”, diz a nota.
Na explicação apresentada à AGU, o grupo Meta afirma estar comprometido com a transparência, com o respeito aos direitos humanos e à liberdade de expressão. No entanto, o governo afirma que as medidas “não são suficientes para proteger os direitos fundamentais da cidadania”.
“No entendimento da AGU e dos ministérios que atuam no tema, os atuais termos de uso das plataformas, bem como as alterações ora informadas pela Meta, não estão adaptados à legislação brasileira e não são suficientes para proteger os direitos fundamentais da cidadania ”, afirma a instituição.
Segundo a AGU, será realizada nesta quinta-feira (16/1) audiência pública para discutir os efeitos da nova política do Meta, o dever de cuidado das plataformas digitais, os riscos da substituição do Programa de Fact Checking no exterior e as medidas a serem tomadas. adotada “com o objetivo de garantir o cumprimento da legislação nacional e a proteção dos direitos”.
Serão convidados a participar órgãos governamentais e entidades da sociedade civil que tratam do tema redes sociais. Também estarão presentes especialistas, acadêmicos e representantes de agências de verificação de fatos.
Mudança de meta
Na semana passada, o CEO da empresa, Mark Zuckerberg, afirmou que a ferramenta de verificação será substituída por “notas da comunidade”, gratuitas para todos os usuários. A empresa prometeu adotar regras mais brandas sobre a disseminação de informações falsas e afirmou que as novas regras impedirão o que classificou como “censura”.
No anúncio, Zuckerberg disse ainda que existem tribunais secretos em países latino-americanos para censurar conteúdo. Este último trecho causou impacto negativo no Planalto e no Judiciário. O secretário de Políticas Digitais do governo federal, João Branche, classificou o anúncio como uma aliança entre Meta e o governo Trump para enfrentar países como o Brasil que, segundo ele, buscam garantir direitos no ambiente digital.
Em reação, a AGU notificou extrajudicialmente a Meta e destacou que a decisão pode “trazer consequências danosas” e que as empresas de tecnologia devem “assumir suas responsabilidades com o ambiente informacional intacto”, além de adotar medidas para “erradicar ou, pelo menos, mitigar os danos que seus produtos e serviços causam às pessoas.”
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