O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou, na tarde desta quinta-feira (17/1), que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro o representará na cerimônia de posse de Donald Trump nos Estados Unidos. Por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ele foi proibido de viajar ao país e teve a devolução do passaporte negada.
“Na manhã de sábado, aqui no Aeroporto de Brasília, tem voo para os Estados Unidos e minha esposa irá para lá. Ela foi convidada, junto comigo, ela fará a parte dela. Tenho conversado com algumas pessoas próximas de Trump e ela receberá um tratamento muito especial”, disse Bolsonaro em entrevista ao programa Ocidental brasileirodo Revista Oeste.
Bolsonaro disse que sua defesa poderia recorrer da decisão monocrática de Moraes. “Esta questão do passaporte ainda está em jogo. Tenho uma equipe de advogados que me pediu para não entrar em detalhes do processo porque há recurso, muita coisa está por vir”, afirmou.
“Ele [Trump] Ele tem carinho por mim. Ele gostaria de apertar minha mão também, caso contrário não teria me convidado. Parece que foram convidados cinco chefes de estado e eu não sou chefe de estado. Não vou à festa de batizado de filha ou neta de ninguém, é um evento de inauguração da maior democracia do mundo”, afirmou. “O que queremos é que o Supremo… se esse recurso for julgado, que seria por uma Turma, que seja julgado com a devida isenção”, acrescentou Bolsonaro.
Sem passaporte
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, negou, nesta quinta-feira (17/1), o pedido de devolução do passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro para que ele possa ir aos Estados Unidos participar da posse de Trump. Segundo o juiz, “não há dúvida” de que desde a decisão unânime da primeira turma do STF de reter o documento do ex-chefe do Executivo, “não houve nenhuma alteração fática que justifique a revogação da medida cautelar “.
Moraes mencionou que Bolsonaro considerou fugir do país e pedir asilo político para evitar possíveis responsabilidades no Brasil devido às investigações sobre a tentativa de golpe de Estado. O ministro destacou ainda que o ex-presidente se posicionou a favor da fuga dos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.
“Ressalte-se ainda que, em diversas outras ocasiões, o indiciado Jair Messias Bolsonaro declarou publicamente ser a favor da fuga de condenados em casos relacionados à presente investigação e permanência clandestina no exterior, especialmente na Argentina, para evitar a aplicação da lei e decisões judiciais proferidas, em caráter definitivo, pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, em razão da condenação por crimes gravíssimos cometidos em 8 de janeiro de 2023 em penas privativas de liberdade”, diz o documento.
A Polícia Federal apreendeu o passaporte de Jair Bolsonaro em fevereiro do ano passado, enquanto avançavam as investigações sobre um suposto plano de golpe de Estado para manter o ex-presidente no poder.
Os advogados do ex-chefe do Planalto pediram a devolução temporária do documento. Caso autorizado, ele estaria fora do país entre os dias 17 e 22 de janeiro. Na noite de quarta-feira (16/1), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, se manifestou contra o pedido. Ele argumentou que não há interesse público em ir que justifique a derrubada da restrição, já que o ex-presidente “não desempenha função que confira status de representação oficial do Brasil à sua presença na cerimônia oficial nos Estados Unidos”.
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