Nos últimos anos, o Brasil reduziu o número de crianças e adolescentes de zero a 17 anos que vivem na pobreza, porém, mais da metade da população dessa faixa etária ainda sofre com algum tipo de privação de direitos fundamentais. A descoberta é do estudo Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasilpublicado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Se em 2017 eram 34,3 milhões (62,5%) de indivíduos, em 2023 o número caiu para 28,8 milhões (55,9%).
O Distrito Federal está entre os que apresentam os melhores percentuais do país: 34,1% de jovens em situação de pobreza. Fica atrás apenas de São Paulo, que registrou 31,8%. Em seis das 27 unidades da Federação, mais de 80% das crianças foram privadas de algum dos seus direitos fundamentais —todas as seis estão nas regiões Norte e Nordeste.
A pesquisa da Unicef é baseada na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC) e analisou sete fatores: Renda, Educação, Acesso à Informação, Água, Saneamento, Habitação e Proteção ao Trabalho Infantil, e Segurança Alimentar. Em relação à pobreza extrema, o número passou de 13 milhões (23,8%) para 9,8 milhões (18,8%) entre 2017 e 2023. A redução da pobreza neste indicador foi influenciada principalmente pelo aumento da renda — beneficiada em especial pela expansão do Bolsa Família — e melhoria do acesso à informação.
Segundo a chefe de Políticas Sociais do Unicef no Brasil, Liliana Chopitea, os resultados do estudo mostram que o país avançou nos fatores avaliados. Contudo, o percentual ainda é considerado preocupante.
“Precisamos não ser descuidados para que esse número continue caindo. As políticas são boas, mas precisam ser ajustadas e mais focadas para reduzir ainda mais esse número. Quedas significativas (nos índices) são (nos fatores) Renda e Acesso à Informação Com certeza a melhoria da renda foi a ampliação do acesso ao Bolsa Família”, observa.
Liliana alerta que “é importante compreender que a pobreza atinge mais as crianças e os adolescentes porque estão justamente numa fase de desenvolvimento. Qualquer direito que não seja garantido na idade certa pode ter consequências a médio e longo prazo para o desenvolvimento”.
Ela também destaca a importância das políticas públicas. “Se tivermos crianças não desenvolvidas e apoiadas adequadamente, teremos naturalmente menos adultos que possam contribuir economicamente com o país. Por isso, é importante priorizar políticas voltadas aos direitos das crianças e dos adolescentes”, afirma.
No fator renda da pesquisa, o Brasil reduziu o percentual de crianças e adolescentes cujos pais vivem abaixo da linha da pobreza financeira de 25,4%, em 2017, para 19,1%, em 2023. O estudo mostra ainda, que apesar dos avanços, 8,1% das crianças e adolescentes os adolescentes ainda pertencem a famílias com renda abaixo da linha da pobreza extrema. Ou seja: 4,2 milhões têm renda por pessoa inferior a R$ 209 por mês. O percentual de crianças sem acesso à informação, por sua vez, caiu de 17,5% para 3,5%.
O percentual de crianças e adolescentes em trabalho infantil permaneceu estável — de 3,5% em 2017 para 3,4% em 2023. Segundo o cientista social Luciano Gomes dos Santos, professor do Centro Universitário UniArnaldo, embora a ligeira redução possa indicar avanços pontuais nas políticas públicas — como como fortalecimento do combate à pobreza e ações de fiscalização —, o índice estável demonstra que as medidas governamentais não têm sido suficientes para eliminar o problema.
“O trabalho infantil tem raízes profundas na pobreza e na exclusão social, com muitas famílias dependendo das crianças para complementar o rendimento familiar. Esta dependência cria um ciclo de precariedade”, afirma Luciano.
Ele ressalta que, ao ingressarem precocemente no mercado de trabalho, as crianças deixam de frequentar a escola regularmente ou enfrentam dificuldades para acompanhar os estudos, o que limita seu acesso a melhores oportunidades no futuro. “O trabalho infantil não só compromete o presente, como também agrava a transmissão intergeracional da pobreza”, alerta.
Alfabetização incompleta chega a 30%
O estudo analisou as privações de acesso à escola na idade certa. Os dados relativos à alfabetização mostram que, em 2023, cerca de 30% das crianças de oito anos não tinham concluído esta fase de escolaridade.
Segundo o estudo da Unicef, esta é uma das consequências da pandemia entre 2020 e 2021, marcada pelo ensino à distância e pela falta de acesso a recursos educativos e de apoio pedagógico adequado. Durante o período da crise sanitária, estas crianças, que tinham entre cinco e seis anos, estavam a alfabetizar-se. Em termos de raça, as mulheres negras sofriam maior privação educacional, principalmente em relação ao analfabetismo.
Outro aspecto diz respeito à insegurança alimentar, que “impacta diretamente a capacidade de aprendizagem das crianças em idade escolar, comprometendo o desenvolvimento cognitivo e o desempenho acadêmico”. “As crianças que enfrentam fome ou má alimentação muitas vezes têm dificuldade de concentração, de memorização de informações e de manter a energia necessária para participar das atividades escolares”, destaca o cientista social Luciano Gomes dos Santos, professor do Centro Universitário UniArnaldo.
Separado por unidades da Federação, o estudo mostra avanços na maioria dos estados. Embora o Norte e o Nordeste continuem apresentando os piores resultados, foram observadas reduções de até 10 pontos percentuais na pobreza multidimensional nos estados dessas regiões entre 2017 e 2023.
O estudo também destaca o impacto geográfico da privação nas crianças e adolescentes — aqueles que residem em áreas rurais enfrentam níveis de privação muito elevados. Embora o campo tenha mais crianças e adolescentes com alguma privação de todos os fatores analisados no estudo, destaca-se a falta de saneamento. Enquanto nas zonas urbanas a percentagem de falta de acesso à água e ao esgoto é de quase 28%, nas zonas rurais é de quase 92%.
“O resultado reflete as dificuldades contínuas enfrentadas por crianças e adolescentes em áreas rurais, onde o acesso a serviços básicos, educação e infraestrutura é muitas vezes limitado, destacando a necessidade de políticas específicas que atendam às necessidades específicas de crianças e adolescentes em comunidades rurais para reduzir esta situação. lacuna de privação”, aponta o estudo.
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