Zurique – O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luis Roberto Barroso, defendeu mais uma vez a regulamentação das Big Techs e das redes sociais no Fórum Econômico Brasileiro, em Zurique. Barroso foi um dos convidados do evento organizado pelo Lide — Grupo de Líderes Empresariais — e pela revista Veja.
Ao ser questionado pelo mediador do painel se as Big Techs precisam de limites, o ministro foi direto: “Todo mundo na vida precisa de limites. estabeleça esse limite.”
Para Barroso, a regulação é necessária, até para saber quanto tributar o serviço de internet e garantir uma competitividade justa no mercado. “É preciso haver algum tipo de regulamentação para evitar comportamentos coordenados, que amplificam artificialmente mentiras ou más notícias”, disse ele.
O ministro lembrou que uma mentira amplificada pode gerar um problema de saúde pública, por exemplo. “Alguns conteúdos, o mundo ficou polarizado de tal forma que nem o bom senso nem o óbvio podem prevalecer. Portanto, não importa se você é um conservador liberal ou progressista, você não pode ter pornografia na internet, venda de armas , apelando à população para invadir edifícios públicos”, alertou.
O ministro também não deixou de defender a punição das redes nos casos de crimes divulgados por meio de promoção ou em forma de propaganda. “A plataforma passa a ser responsável, porque se for uma propaganda, ela tem o dever de verificar se não é a prática de um crime. Ou se é na forma de promoção paga, se está sendo pago para promovê-la, ela também tem que olhar se isso é minimamente compatível com o ordenamento jurídico”, argumentou.
Em seu voto na Corte, Barroso defende que, para alguns temas, a notificação dentro da plataforma tem que ser suficiente para retirar o conteúdo do ar, como a pedofilia, por exemplo. E nos casos que exigem provas, as plataformas só devem removê-las por meios legais.
“Este é um sistema que propus, ainda será discutido pelos colegas, mas é um meio-termo razoável, que protege a liberdade de expressão e ao mesmo tempo a sociedade. É um direito especialmente protegido, porque faz parte da dignidade humana, é indispensável para a democracia, para a livre circulação da informação e é indispensável para a busca da verdade possível numa sociedade plural”, concluiu.
Sobre a legislação, o ministro explicou que a Corte tenta estabelecer critérios para julgar os casos no STF, enquanto o Congresso não aprova legislação sobre o tema. “O ideal é que ela (a regulamentação) venha do Congresso Nacional. Teve um projeto de lei em debate, infelizmente não avançou. As pessoas precisam entender, o Supremo tem ações discutindo o tema, as pessoas pedem indenização por cargos e não tem como o Supremo não decidir porque não tem lei, não vou julgar, não é assim”, afirmou.
“Então, não estamos legislando por vontade própria, estamos decidindo casos que foram levados ao Supremo e, para julgar esses casos, temos que estabelecer alguns critérios. aplicam-se até que o congresso regule a matéria”, acrescentou Barroso.
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