O plenário do Senado deve apreciar, nesta terça-feira, o Projeto de Lei (PL) 914/2024, que institui o Programa de Mobilidade e Inovação Verde (Mover) e traz um “jabuti” — alteração sem relação com o objetivo da proposta — para tributar compras internacionais até US$ 50.
Os senadores votarão um pedido urgente para que o texto seja analisado por todos os parlamentares, sem necessidade de passar por comissão.
Caso a urgência seja aprovada, o PL poderá ser votado nesta terça-feira, ao passar pela Câmara. A informação foi confirmada pelo presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
“Haverá debate no plenário do Senado, sabemos da urgência desse projeto, principalmente tendo em vista a caducidade da medida provisória que tratava do mesmo tema. Então, planejamos para amanhã (nesta terça-feira) no plenário do Senado . Há um pedido urgente para que votemos e, no segundo momento, os senadores poderão debater amplamente esse tema”, destacou Pacheco.
A medida provisória citada pelo parlamentar é a 1.205/2023, que instituiu o Mover, programa de incentivo financeiro para incentivar a produção de veículos menos poluentes e estimular a economia de baixo carbono. Os incentivos previstos são de R$ 19,3 bilhões em cinco anos.
O texto do PL 914/2024 é o mesmo da MP, editada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas a inclusão do jabuti tem causado polêmica na tramitação da proposta. Por ser impopular, a taxação das “blusas”, como vem sendo chamado o texto, foi incluída no Mover – que faz parte da agenda verde, de interesse do governo -, na tentativa de ter mais facilidade de aprovação nas Casas Legislativas .
Na Câmara, apesar do apelo popular contra a alíquota de 20% nas compras online internacionais, o projeto foi aprovado por votação simbólica, em menos de 15 segundos. No Senado, há expectativa de que essa tributação seja retirada do texto, mas há resistências, pois qualquer mudança devolveria a matéria aos deputados para avaliação e aumentaria o intervalo entre a expiração da MP e a aprovação do Mover.
“Qualquer alteração no texto, inclusive por meio de supressão, retornará naturalmente à Câmara. As alterações na redação não alteram o mérito, mas obviamente é uma decisão que o Senado tomará. dos senadores, para poder decidir, e a soberania do plenário prevalecerá pela sua maioria”, acrescentou Pacheco.
Em agosto de 2023, no âmbito do programa Conform Remessas, o governo federal isentou essas compras do Imposto de Importação de 60%. Atualmente, no caso das empresas que aderiram ao programa, como Amazon, Shein e Shopee, os compradores pagam apenas 17% de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Caso o PL seja aprovado, os produtos adquiridos nessas plataformas pagariam taxas alfandegárias.
O relator do projeto, Rodrigo Cunha (Podemos-AL), disse ao Correio que está em “contato com a equipe econômica do governo e com lideranças do Senado, para debater o projeto”.
A alíquota de 20% foi definida após acordo entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e Lula. Após reunião entre líderes do governo no Congresso e no Planalto, nesta segunda-feira, o ministro Alexandre Padilha, de Relações Institucionais, destacou que a posição do Executivo é manter o texto aprovado pela Câmara.
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