O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, refutou nesta quarta-feira (6/12) seu indiciamento da Polícia Federal (PF) por suspeita de crimes de organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo ele, o indiciamento é uma ação “política e previsível”, e o inquérito da PF contém uma série de irregularidades.
O ministro questionou a atuação do delegado responsável pelo seu depoimento e comparou a situação à Operação Lava-Jato. Juscelino negou ter cometido qualquer irregularidade, e que apenas indicou as emendas parlamentares que foram utilizadas em obras que beneficiaram os imóveis de sua família. Segundo a PF, ele é suspeito de integrar uma organização criminosa que desviou recursos da estatal Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
“O indiciamento é uma ação política e previsível, que faz parte de uma investigação que distorceu premissas, ignorou fatos e nem ouviu a defesa sobre o alcance da investigação. , que envolve a minha atuação no Ministério das Comunicações, sempre pautada pela transparência, ética e defesa do interesse público”, afirmou o ministro em nota enviada ao Correspondência. A acusação foi revelada hoje pelo jornal Folha de S.Paulo.
Juscelino questionou a investigação da Polícia Federal, criticando “vazamentos seletivos” que não consideram os fatos. E negou ter cometido irregularidades no repasse de aditivos de obras de pavimentação que beneficiaram imóveis de sua família, em Vitorino Freire, no Maranhão.
Segundo o chefe do departamento de Comunicação, a sua responsabilidade como parlamentar era apenas indicar as alterações, sendo que a fiscalização das obras cabe ao Executivo e demais órgãos competentes.
Críticas à investigação da Polícia Federal
O ministro também criticou os procedimentos da Polícia Federal. Segundo ele, durante seu depoimento, no dia 17 de maio, o delegado responsável não fez perguntas relevantes sobre a investigação, e encerrou a audiência de forma abrupta após 15 minutos, sem dar espaço para esclarecimentos.
“Isso levanta dúvidas sobre sua isenção, repetindo uma modo de operação que já vimos na Operação Lava-Jata e que causou danos irreparáveis a pessoas inocentes”, disse Juscelino.
Ele destacou que o indiciamento não significa culpa, e que somente o Judiciário pode julgar o caso e chegar a uma conclusão. E disse confiar na imparcialidade da Justiça. “A minha inocência será provada no final deste processo e espero que o amplo direito à defesa e a presunção de inocência sejam respeitados”, sublinhou.
Leia a nota do ministro Juscelino Filho na íntegra:
A investigação, que deveria ser um instrumento para descobrir a verdade, parece ter-se desviado do seu propósito original. Em vez disso, concentrou-se em criar uma narrativa de culpabilidade aos olhos do público, com fugas selectivas, sem considerar factos objectivos.
A acusação é uma ação política e previsível, que parte de uma investigação que distorceu premissas, ignorou fatos e nem ouviu a defesa sobre o alcance da investigação.
É importante deixar claro que não há nada, absolutamente nada, que envolva o meu trabalho no Ministério das Comunicações, sempre pautado pela transparência, pela ética e pela defesa do interesse público.
Esta é uma investigação que investigou a minha vida e a da minha família, sem encontrar nada. A investigação revira fatos antigos que nem são de minha responsabilidade como parlamentar.
Quando ocupei meu cargo de deputado federal, apenas indiquei emendas parlamentares para custear obras. A licitação, execução e fiscalização dessas obras são de responsabilidade do Poder Executivo e demais órgãos competentes.
Durante meu depoimento, o delegado responsável não fez nenhuma pergunta relevante sobre o tema da investigação. Além disso, terminou abruptamente após apenas 15 minutos, sem deixar espaço para esclarecimentos ou maiores discussões.
Isso levanta dúvidas sobre a sua isenção, repetindo um modus operandi que já vimos na Operação Lava-Jata e que causou danos irreparáveis a pessoas inocentes.
É importante lembrar que o indiciamento não implica culpa. A Justiça é o único órgão competente para julgar e confio plenamente na imparcialidade do Poder Judiciário. A minha inocência será provada no final deste processo e espero que o amplo direito à defesa e a presunção de inocência sejam respeitados.
Juscelino Filho
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