O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou nesta quinta-feira (13/6) durante a 112ª Conferência da Organização Mundial do Trabalho, em Genebra, na Suíça. O petista criticou o acúmulo de riquezas no mundo e defendeu mais uma vez a tributação dos super-ricos, tema central da presidência brasileira do G20.
O chefe do Executivo também voltou a criticar o mercado financeiro, e defendeu que o Estado tem responsabilidade pelo desenvolvimento do país. Outro tema abordado pelo presidente foram os desafios enfrentados pelos trabalhadores em todo o mundo, como a desigualdade salarial entre homens e mulheres.
“O Brasil está promovendo a proposta de taxar os super-ricos nos debates do G20. Nunca antes o mundo teve tantos bilionários. Estamos falando de três mil pessoas que detêm quase US$ 15 trilhões em riqueza. Isso representa a soma dos PIBs ( Produtos PIB) do Japão, Alemanha, Índia e Reino Unido”, declarou Lula.
Destacou que o montante é mais que suficiente para que os países em desenvolvimento financiem a adaptação às alterações climáticas. Ele também criticou os bilionários que possuem programas privados de exploração espacial. “A concentração de renda é tão absurda que alguns indivíduos têm programas espaciais próprios. Não precisamos procurar soluções em Marte. É a Terra que precisa dos nossos cuidados”, enfatizou, referindo-se a Elon Musk, dono de empresas como como Tesla e Space X, que prepara o primeiro pouso em solo marciano.
O presidente voltou a criticar o mercado financeiro, em seu discurso, e argumentou que é preciso resgatar o papel do Estado como promotor do desenvolvimento dos países. Ele argumentou que o crescimento da produtividade nos últimos anos não está sendo acompanhado por um aumento nos salários. “A mão invisível do mercado só agrava as desigualdades”, destacou.
E destacou o aumento do número de vagas de emprego informais no mundo, os elevados gastos com armamentos em 2023, de US$ 2,4 trilhões, e pediu paz nas guerras entre Rússia e Ucrânia e entre Israel e o grupo extremista Hamas, na Faixa de Gaza.
Reunião com o Diretor Geral da OIT
Outro tema abordado por Lula na OIT foi a desigualdade salarial entre homens e mulheres. Segundo ele, ainda é “utopia” acreditar que ambos recebam o mesmo valor pelo mesmo trabalho. “Mais de meio bilhão de mulheres em idade ativa estão fora do mercado de trabalho devido à divisão desigual das responsabilidades familiares e de cuidado”, apontou a petista.
Além de participar da conferência, Lula se reuniu com o diretor-geral da OIT, Gilbert Houngbo. O presidente brasileiro convidou a OIT a ter uma participação maior no G20, assim como outras instituições, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.
Os dois discutiram os desafios do trabalho no mundo, como a precariedade das novas formas de emprego, especialmente aquelas que ocorrem por meio de aplicativos, e a manutenção dos sistemas previdenciários com uma população cada vez mais envelhecida.
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