O presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu em defesa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que está sob ataque desde a semana passada, após apresentar medida provisória que limita a utilização de créditos de PIS/Cofins, como forma de compensar o isenção de imposto. folha de pagamento para 17 setores da economia. O chefe do Executivo enfatizou que cabe agora ao Senado — que devolveu a MP — e aos empresários buscar uma alternativa.
“Não há nada a ver com Haddad. Ele é um ministro extraordinário. Não sei qual é a pressão sobre Haddad. Todo ministro da Fazenda, desde que me lembro, se torna o centro do debate. Quando as coisas vão bem e quando as coisas não dá certo”, minimizou, em Genebra (SUI), quando questionado sobre o desgaste do titular da pasta.
Segundo o presidente, se não houver acordo nos próximos 45 dias, não haverá alívio para os 17 setores beneficiados e prefeituras. “Agora a bola não está mais na mão do Haddad. A bola está nas mãos do Senado e dos empresários. Encontrem uma solução. Haddad tentou, eles não aceitaram. Agora, encontrem uma solução”, disse. estressado.
A MP provocou uma enxurrada de críticas do setor produtivo, sob o argumento de que as empresas já contavam com os créditos para reduzir dívidas em outros tributos, e a medida causaria prejuízos à gestão financeira das empresas. Ao apresentar a proposta, o ministério argumentou que foi a forma encontrada para compensar os mais de R$ 26 bilhões em renúncias fiscais que a isenção implicará para os cofres públicos.
Na terça-feira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), devolveu a parte da MP que limita a utilização dos créditos do PIS/Cofins. Em reação, Haddad afirmou que “não existe plano B” do Tesouro para compensar a isenção. Pacheco e senadores, porém, tentam encontrar propostas alternativas.
Lula lembrou ainda a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que fixou o prazo de 60 dias para o governo apresentar uma forma de compensar a isenção da folha de pagamento. Na decisão, de 17 de maio, o ministro Cristiano Zanin argumentou que manter a isenção sem apresentar como o erário será compensado viola a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Ele suspendeu temporariamente a medida, mas, após acordo entre os poderes Executivo e Legislativo, voltou atrás.
Alckmin
O presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, também entrou em campo para defender Haddad. Além de elogiar o ministro, ele minimizou a alta do dólar —que chegou a R$ 5,40 na quinta, maior patamar desde janeiro. Ele garantiu ainda que o governo está preocupado em conter as despesas, e não apenas em aumentar as receitas.
“O ministro Fernando Haddad tem feito um bom trabalho, e o governo é o governo do diálogo. Tenho certeza que haverá um esforço para aumentar a arrecadação e, por outro lado, para buscar maior eficiência nos gastos públicos. , do lado das receitas e das despesas”, comentou Alckmin, no Fórum Prioritário do FII, realizado no hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro.
As recentes declarações de Lula preocuparam investidores e setores econômicos, num cenário já fragilizado pela economia externa e pela apresentação da MP compensatória. No próprio FII Prioridade, na véspera, o presidente criticou o mercado e argumentou que a redução do déficit será alcançada pelo “aumento da receita e pela queda dos juros”.
Sobre a alta do dólar, que disparou após o discurso de Lula no Fórum, Alckmin classificou como um movimento temporário. “Temos absoluta confiança de que o dólar cairá. É uma coisa momentânea”, afirmou.
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