O advogado Marcelo Ferreira, que representa o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa, criticou o depoimento do ex-policial militar Ronnie Lessa —assassino confesso da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018. O depoimento foi dado nesta terça-feira. (18/6), durante o julgamento da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra os suspeitos de serem os mandantes da execução. O argumento também foi utilizado por outros advogados envolvidos.
Ferreira negou que Rivaldo Barbosa recebesse mensalidades fixas de milicianos e criminosos do Rio de Janeiro. Segundo ele, o delegado está preso injustamente.
“Ronnie Lessa disse exatamente o que a Polícia Federal queria ouvir, ele conduzia o rebanho como um pecuarista. Termino a minha intervenção dizendo que há pessoas inocentes na prisão. Rivaldo precisa estar em casa com a família ou, pelo menos, responder ao processo em liberdade. Diante do exposto, peço o indeferimento da denúncia por sua inépcia”, afirmou.
O representante de Chiquinho Brazão, o advogado Cléber Lopes, chamou a acusação de “fantasia”.
“A acusação é fantasiosa, a começar pelo valor da recompensa pelo crime, cerca de R$ 100 milhões. Em outros anexos, por exemplo, ele diz que cometeu assassinato por vontade própria. O Ministério Público do Rio, porém, denunciou um ex-vereador por ser o mandante desse crime. Ou seja, em mais de uma ocasião, Ronnie Lessa mentiu descaradamente nas informações repassadas à Polícia Federal”, afirmou.
O advogado Igor Carvalho, que representa o policial militar Ronald Pereira, argumentou que não há provas concretas que possam justificar a participação de seu cliente.
“Vale ressaltar que juntamos ao processo documentos comprobatórios, com documentos contendo dados e fotos, que demonstram que ele estava participando, naquela data, de curso determinado pelo Comando Geral da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Janeiro, impossibilitando, portanto, a realização do suposto monitoramento”, afirmou.
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O que diz a reclamação
A PGR defende que os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa se tornem réus pelo planejamento e morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
Além dos três, mais dois arguidos também serão julgados. Ronald Paulo de Alves Pereira, conhecido como Major Ronald, foi acusado do homicídio. Segundo a denúncia, ele monitorava a rotina do vereador antes do crime. Robson Calixto Fonseca, conhecido como Peixe, foi acusado de organização criminosa. Ex-assessor de Domingos Brazão no Tribunal de Contas do Estado (TCE), ele é suspeito de ter fornecido a arma utilizada no crime.
Entre as qualificadoras, a Procuradoria-Geral da República (PGR) menciona que os crimes foram cometidos através da promessa de recompensa, por motivo vil, através de emboscada e com utilização de recurso que dificultou a defesa das vítimas e de meio que resultou em perigo comum.
O subprocurador Luiz Augusto Santos Lima destacou que há indícios da ligação dos irmãos Brazão com atividades criminosas relacionadas a milícias e “grilagem de terras”.
“Chiquinho e Domingos formaram alianças com grupos milicianos do Rio de Janeiro, desde a primeira década dos anos 2000. (…) Nota-se também a perniciosa relação dinâmica entre a milícia e os candidatos a cargos eletivos naquela região. Uma vez eleitos, esses aliados passam a defender os interesses desses criminosos”, afirmou.
Delação premiada
No início do mês, o ministro Alexandre de Moraes retirou parte do sigilo do acordo de delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa —assassino confesso de Marielle Franco e Anderson Gomes. À Polícia Federal, ele reiterou os nomes dos irmãos Chiquinho e Domingos Brazão como mandantes do crime e afirmou que a execução foi motivada para proteger os interesses econômicos das milícias.
A dupla teria contado com o apoio do delegado Rivaldo Barbosa. O Ministério Público afirma que ele foi o responsável por dificultar as investigações, usando seu cargo de comando na Polícia Civil do Rio de Janeiro para garantir que os mandantes ficariam impunes.
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