Lisboa — O XII Fórum de Lisboa dá vida à capital portuguesa esta semana, com recorde de presenças e temas. São 2.423 participantes presenciais e outros 535 online.
Representantes dos Três Poderes, juristas e especialistas debatem, desde esta quarta-feira, os avanços e retrocessos da globalização, tema do encontro deste ano. A agenda econômica, que na política serve para avançar ou derrotar candidatos, ganhou destaque, com o reforço da promessa do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de que levará a reforma tributária ao plenário em a primeira quinzena de julho.
Lideranças do Centrão que se reuniram com Lira em Portugal consideram que o Congresso não tem para onde correr: há consenso de que esse é o tema que permitirá ao parlamentar alagoano deixar seu legado na Câmara e escapar de temas polêmicos, como aborto e drogas. , que intensificam a polarização. Nos corredores, também houve impacto na decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de descriminalizar o porte de maconha para uso pessoal. “Foi um entendimento muito racional, de simplesmente separar o traficante do usuário e afirmar que o usuário pode cometer infração administrativa, mas não crime”, disse o ministro Gilmar Mendes, reitor do Tribunal.
Após participar da abertura do evento ao lado de Gilmar Mendes, Lira confirmou que recebeu, nesta terça-feira, relatório do grupo de trabalho da reforma tributária e que estão em andamento os procedimentos que permitirão a votação em plenário até 12 de julho.
“Já foram quase 140 horas de audiências agendadas, mesas bilaterais, conversas com todas as entidades, quase 30 audiências públicas, mais de 400 entidades recebidas pela comissão. nível”, destacou.
Ele disse que o relatório provavelmente estará pronto para revisão dentro de 10 dias, no dia 3 de julho. “Na segunda semana de julho, entre os dias 10, 11 e 12, estaremos votando a Lei Complementar, se todos os deputados estiverem convencidos de que ela é maduro para isso”, sublinhou.
Metas
O governo federal também quer que a aprovação do imposto reforce o discurso de que tudo vai bem no campo econômico e, assim, tentar tranquilizar o mercado financeiro. Lira continua reforçando esse discurso. “É uma economia forte, a macroeconomia vai bem. Mas precisamos de algumas posições que indiquem que o Brasil cumprirá o quadro fiscal, cumprirá as metas, discutirá alguns cortes de gastos, discutirá segurança jurídica e previsibilidade, para que os verdadeiros investidores no O Brasil, as empresas internacionais, que fornecem recursos privados, podem ter condições de saber que vão investir e vão receber retorno”, explicou.
Paralelamente à questão tributária, que será debatida hoje e amanhã, entre os painéis com recorde de público no primeiro dia, destacaram-se os dos governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e de Goiás, Ronaldo Caiado; e financiamento ao desenvolvimento, com a ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
Tarcísio chamou a atenção não tanto pelo discurso sóbrio, focado em infraestrutura, mas por ser a aposta dos conservadores para as eleições de 2026. Após finalizar seu painel, ele passou quase meia hora tirando fotos com os participantes do evento.
Ao mesmo tempo em que Tarcísio discursava em um auditório lotado e quente, sem ar condicionado, a ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial, enfatizava a necessidade de a população negra não desistir da luta, num anfiteatro com temperatura agradável, ao lado empresária Luiza Trajano.
Surpresa
Quem surpreendeu o governo no Fórum de Lisboa foi o presidente do Banco XP, José Berenguer. Ele considerou os parâmetros econômicos positivos. “O próprio mercado vê o quadro hoje melhor do que no ano eleitoral. As coisas no Brasil estão funcionando. O erro é a comunicação, e o ruído atrapalha a economia real”, avaliou.
Em outro painel, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, discutiu a agenda verde. “Queremos chegar à nova indústria, à reindustrialização do Brasil. E temos um momento oportuno no G20, no Brasil, e na COP30, no ano que vem. países, para que realmente façam investimentos de forma mais justa, no âmbito da transição energética, sobretudo porque traz oportunidades económicas, a chamada economia verde”, destacou. “Espero que as energias intermitentes no curto e médio prazo possam se estabilizar e, assim, proporcionar tranquilidade para nos dar segurança energética”.
Organizador do evento, o ministro Gilmar Mendes relembrou os debates realizados nas edições anteriores, sempre com foco em temas essenciais à globalização, incluindo governança, direitos fundamentais e mudanças tecnológicas. “Temos um novo cenário internacional. Após a prevalência de soluções pacíficas para os conflitos, o mundo mudou de forma tortuosa. Temos ambientes cada vez menos abertos e arejados. Seja na política ou na economia. Assistimos com espanto às guerras que continuam diante dos nossos olhos”, disse o ministro, defendendo maior cooperação internacional.
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